Problemas sociais
Comissão Diocesana afirma que erradicar a pobreza é um desafio
A Comissão Diocesana de Justiça e Paz da Diocese de Portalegre e Castelo Branco considera que erradicar a pobreza é um desafio.
Em comunicado enviado à Comunicação Social a Comissão Diocesana adianta que “o estudo recentemente divulgado pela Fundação Francisco Manuel dos Santos Desigualdade de Rendimentos e Pobreza em Portugal As consequências sociais do Programa de Ajustamento merece reflexão e deve sugerir aos decisores políticos e a muitos responsáveis de organizações do terceiro setor um profundo exame de consciência”.
“Desde logo por deitar por terra dois dos mitos que foram sendo inculcados: o primeiro afirmando que as politicas de austeridade, com cortes nos salários e pensões tinham conseguido isentar as famílias e os indivíduos mais pobres; o segundo que assegurava que a crise foi particularmente sentida pela classe média”, concluindo que “a realidade, comprova o estudo, “é bem diferente… no período 2009-2014, enquanto o rendimento dos 10 por cento mais ricos registou um decréscimo de cerca de 13 por cento, o rendimento dos 10 por cento mais pobres diminuiu nada menos que 25 por cento”.
No comunicado pode também ler-se que “segundo o professor Farinha Rodrigues que coordenou este estudo. “O aumento contínuo do fosso que separa os mais ricos dos mais pobres constitui o principal traço de evolução das desigualdades ao longo destes anos de crise”.
Perante isto é avançado que a Comissão Nacional Justiça e Paz “chamou já a atenção para a profunda injustiça que alguns dos dados denunciam, nomeadamente, o crescimento da pobreza infantil, que, entre 2009 e 2014, aumentou de 22,4 por cento para 24,8 por cento. O aumento do índice de pobreza das mulheres que são as únicas responsáveis pela família e a perda de rendimentos dos jovens que atingiu os 29 por cento e obrigou muitos a emigrar”.
“Associamo-nos a essas chamadas de atenção e aos alertas para o facto de esta situação por “em grave risco a coesão social e a concretização, no nosso país, da Declaração Universal dos Direitos Humanos” e é acrescentado que “subscrevemos também a mensagem da Rede Europeia Anti Pobreza (EAPN) Portugal a propósito do Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza que aponta como objetivo, fazer do combate à pobreza “um desígnio nacional” pois “a erradicação da pobreza não é uma utopia, mas sim um objetivo urgente, para o qual tem que existir vontade politica e coragem para cumprir”.
A Comissão Diocesana afirma igualmente que “no momento em que vai iniciar-se a discussão do Orçamento do Estado para 2017, convirá ter presente os dados que o Estudo evidencia: Os planos de assistência não atacam os problemas da pobreza e a devolução dos rendimentos, embora necessária, também não. Urge ir mais longe. Conviria que os cristãos e “os homens de boa vontade” fizessem chegar aos empresários e aos decisores políticos a palavra profética do Papa Francisco: “A necessidade de resolver as causas estruturais da pobreza não pode esperar; Enquanto não forem radicalmente solucionados os problemas dos pobres, renunciando à autonomia absoluta dos mercados e da especulação financeira e atacando as causas estruturais da desigualdade social, não se resolverão os problemas do mundo … A desigualdade é a raiz dos males sociais”.
É também referido que “não podemos mais confiar nas forças cegas e na mão invisível do mercado. O crescimento equitativo exige algo mais do que o crescimento económico, embora o pressuponha; requer decisões, programas, mecanismos e processos especificamente orientados para uma melhor distribuição das entradas, para a criação de oportunidades de trabalho, para uma promoção integral dos pobres que supere o mero assistencialismo”. A Comissão Diocesana sublinha ainda que “a pobreza é um atentado à natureza humana. Erradicá-la é um imperativo ético. É um desafio que a todos deve interpelar. É um desafio que temos obrigação de vencer”.