João Belém
DESENHAR ENQUANTO SE FALA...
“E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem...
Fernando Pessoa, como Alberto Caeiro
Os modelos funcionam melhor se os desenharmos. Qual a razão?
Realizemos uma experiência: Fale perante uma audiência sobre um determinado assunto e veja quantos dos ouvintes tomam notas durante a sua apresentação.
Dê outra vez a mesma palestra – a uma audiência diferente – e enquanto falar vá desenhando modelos que ilustrem genericamente os seus pensamentos.
Quantos na sua audiência copiam os modelos? Quantos tomam notas desta vez?
A situação deverá apresentar-se de maneira diferente.
Quais as vantagens de dar uma forma visual às ideias:
- A audiência não o escuta apenas, também vê o que faz – recebe-se a atenção em duplicado.
- A atenção é orientada para o seu assunto. Já não se encontra diante de um júri, está a falar com o júri sobre um assunto diferente.
- As imagens são sempre lembradas em relação aos sentimentos e aos locais. A sua audiência vai olhar para o modelo e lembrar-se da sua exposição.
Apenas consegue fazer esboços? Não se preocupe. Quanto mais sofisticado e perfeito for o desenho, menos apelativo é.
Com desenhos simples e claros a audiência terá sensação de que também o conseguiria fazer.
M.C. Escher comentou certa vez que o desenho lhe permitia comunicar “imagens de pensamento” impossíveis de serem traduzidas em palavras. A comunicação desses pensamentos exigia uma visibilidade, uma imagem, um grafismo que o desenho poderia auxiliar a criar.
Concluindo, aqui fica a sugestão para desenhar enquanto fala, pois quando são desenhados em tempo real, mesmos os elementos imprecisos ou arbitrários são certamente compreendidos por quem os vê e em consequência recebidos com maior tolerância, pois não devemos esquecer que muitas vezes, uma imagem vale por mil palavras.