SAÍDO DO CENTRO DE RECUPERAÇÃO DE ANIMAIS SELVAGENS DE CASTELO BRANCO
Quercus devolve Milhafre-preto à natureza
A Quercus, através do Centro de Estudos e Recuperação de Animais Selvagens de Castelo Branco (CERAS), devolveu à natureza, dia 18 deste mês, um Milhafre-preto (Milvus migrans), numa atividade que contou com a participação de alunos do Agrupamento de Escolas de Mação e elementos do Serviço de Proteção da Natureza (SEPNA) da Guarda Nacional Republicana (GNR), com o objetivo de sensibilizar para a necessidade de proteger a biodiversidade.
Refira-se que a ave de rapina, procedente de cativeiro ilegal, foi recolhida no verão do ano passado, no Concelho de Ponte Sor pelo SEPNA e foi entregue no Centro de Recuperação de Animais Selvagens de Castelo Branco, onde permaneceu em recuperação até ser libertada.
A Quercus adianta que o Milhafre-preto mede cerca de 55 centímetros de comprimento e 135–155 centímetros de envergadura, e cerca de um quilograma de peso. A plumagem é de cor castanha, de tom mais escuro na parte superior das asas. Recorda também que o Milhafre-preto é uma ave predadora que se alimenta de pequenos mamíferos, em particular roedores, e anfíbios, mas com características de oportunista alimentar que varia a dieta de acordo com a localização geográfica e época do ano. Esta ave adaptou-se bastante bem à presença humana e pode ser observada em cidades. O Milhafre-preto é ocasionalmente necrófago, aproveitando os cadáveres de outros animais mortos em estradas.
A Quercus salienta, por outro lado, que “o cativeiro ilegal continua a ser uma das causas de entradas de animais nos centros de recuperação em Portugal” e denuncia que, “na maioria das vezes, as crias são pilhadas no ninho, ou quando são encontrados animais feridos, as pessoas ficam com eles em sua casa”.
Tudo para explicar que “a recuperação destes animais inclui aspetos tanto físicos como psicológicos, tornando-a longa e complicada”, sendo que “muitos deles ficam irrecuperáveis devido a socialização (imprinting) com a espécie humana, pelo que não são capazes de desenvolver os com- portamentos próprios da sua espécie”.
Ceras recebeu 276 animais
no ano passado
A Quercus revela ainda que no ano passado deram entrada no CERAS 276 animais, registando-se uma taxa de recuperação de 60 por cento.
Recorde-se que, atualmente, a Quercus gere três centros de recuperação que integram a rede nacional de centros sob tutela do Instituto da Conservação da Natureza: o Centro de Estudos e Recuperação de Animais Selvagens de Castelo Branco (CERAS), o Centro de Recuperação de Animais Selvagens de Montejunto (CRASM) e o Centro de Recuperação de Animais Selvagens de Santo André (CRASSA).
O CERAS, inaugurado em 1998, recebeu até ao momento mais de 2.800 animais, sendo que no ano passado recebeu 276, com a maior afluência a registrar-se nos meses abril. maio, junho, julho e agosto.
Os animais que deram entrada no CERAS eram provenientes dos distritos de Castelo Branco (64 por cento), Portalegre (26 por cento) Santarém (cinco por cento); e os restantes cinco por cento de outra origem.
As entidades que entregaram o maior número de animais foram o SEPNA (44 por cento), os particulares (22 por cento), o ICNF (18 por cento) e a Quercus (11 por cento).
As causas de entrada mais frequentes foram os traumatismos (37 por cento), queda do ninho (21 por cento), eletrocussão (nove por cento) e o envenenamento (oito por cento). Outras causas de entrada respeitaram a animais juvenis desorientados e com debilidade geral (cinco por cento).
É realçado que as entradas por tiro tiveram uma descida importante em comparação a 2014, representando apenas dois por centro do total.
Também destacado é que em 2015 o CERAS teve uma taxa de recuperação e devolução à natureza de cerca de 60 por cento dos animais que deram entrada.