4 de outubro de 2017

Valter Lemos
AUTÁRQUICAS: QUE FAZER COM ESTES RESULTADOS?

As autárquicas de 2017 foram as primeiras eleições pós-crise. Estas eleições (autárquicas) têm obviamente dois planos de expressão (nacional e local) e assim, obviamente, dois planos de análise.
No plano nacional quais são os resultados?
Vencedores: PS; António Costa, Fernando Medina, Assunção Cristas.
Derrotados: PSD, PCP/CDU; Passos Coelho.
Na verdade, o PS foi o grande vencedor das eleições. Ganhou tudo: votos, presidências, mandatos. Assim sendo naturalmente que António Costa tem que ser considerado um grande vencedor. Mas, Fernando Medina, tendo em conta a dimensão e o simbolismo da Câmara de Lisboa, terá que ser considerado um vencedor nacional e não somente local, até porque este resultado reforça a sua posição para uma eventual futura liderança do PS. Mas, também Assunção Cristas, é uma vencedora: eclipsou o PSD, duplicou os resultados de Paulo Portas e reforçou enormemente a sua condição de liderança partidária.
O PSD teve a maior derrota autárquica de sempre. Perdeu tudo: votos, presidências, mandatos. Assim sendo Passos Coelho é naturalmente um grande derrotado. A estratégia e as escolhas de Passos Coelho revelaram-se catastróficas. Na verdade, a estratégia e a gestão política do PSD, desde as eleições legislativas de 2015 veio a acumular sucessivos erros, podendo constituir caso de estudo. Tudo vai acabar forçosamente com a sua saída. Resta saber se a sucessão se fará em condições de unidade interna ou em divisões políticas ou pessoais que dificultem a reorganização a tempo de lutar por melhor resultado nas legislativas de 2019.
Mas, também o PCP se apresenta como grande derrotado destas autárquicas. Perdeu também em todos os planos: votos, presidências, mandatos. Proporcionalmente a derrota do PCP pode até ser vista como bem pior do que a do PSD. Perde 10 câmaras (em 34), das quais 9 para o PS, entre as quais o grande bastião de Almada e uma capital de distrito (Beja). Assim é fácil prever que a “geringonça” vai ter problemas. Não haverá provavelmente condições políticas para romper o acordo, mas, com toda a certeza, a posição do PCP vai endurecer e a agitação sindical e os protestos de rua vão subir de tom durante 2018 e veremos como se chegará à negociação do orçamento de 2019.
Uma nota de reflexão para o caso Isaltino Morais. Oeiras é o concelho português com média mais elevada da qualificação da população. Dá mesmo que pensar!

AS ELEIÇÕES EM CASTELO BRANCO
No distrito de Castelo Branco, ao contrário do país, estas eleições não trouxeram grandes novidades: o PS continuou a maior força com algum reforço de votos e as presidências de câmara (e os presidentes) mantiveram-se (7 PS e 4 PSD). Os mandatos de vereação também não tiveram grande oscilação (PS e PSD praticamente na mesma, o BE continua sem qualquer vereador no distrito, o PCP/PEV perdeu o que tinha e o CDS conquistou 1 mandato e os independentes perderam 3, passando de 5 para 2). Também nas Assembleias Municipais e de Freguesia, as alterações são de pormenor.
No concelho de Castelo Branco o PS continuou a vencer, com larga maioria absoluta (58,5%), como tem acontecido nos últimos vinte anos. No entanto, assistiu-se a um ligeiro reforço de votos de algumas outras candidaturas. As percentagens de subida de votos são marginais e não parecem ter qualquer significado prático. Na Câmara Municipal o PSD mantém os dois vereadores como anteriormente, passando o PS de 7 para 5 (já que o total passa de 9 para 7, devido à diminuição de eleitores inscritos – já agora convém referir que, apesar disso, houve mais 660 votantes). Na Assembleia Municipal, houve também uma redução de eleitos e assim o PSD perdeu um mandato (de 6 para 5) e o PS cinco (de 18 para 13), mantendo o BE, o PCP/PEV e o CDS/PP o único eleito que tinham. Nas freguesias o PS continua a ser a única força partidária a presidir (17), para além de dois movimentos independentes.
Assim podemos concluir por uma ligeira erosão do PS, que se entende como natural ao fim de tantos mandatos com maiorias tão significativas. De qualquer modo a mesma não parece ter tido qualquer capitalização pelo PSD ou outros partidos. Na verdade, o número de mandatos que detinham em nenhum caso apresenta qualquer reforço, mantendo-se praticamente igual ao mandato que agora termina.

A CAMPANHA NEGRA
Como última nota de análise a referência à campanha negra que teve lugar através da internet e redes sociais. Constitui naturalmente uma vergonha para os respetivos promotores, quem quer que sejam. Desde o célebre caso Freeport, parece ter passado a constituir uma prática política o lançamento de campanhas anónimas visando o assassinato político de candidatos ou detentores de cargos, por vezes atingindo não só os próprios como as suas famílias. Esta prática política deve merecer o repúdio total de qualquer cidadão decente. Em democracia e no estado de direito existem muitos mecanismos disponíveis para fazer acusações ou denúncias do que quer que seja, portanto, utilizar meios anónimos em momentos eleitorais só pode significar que os seus autores não pretendem senão difundir boatos e lançar lama sobre as pessoas. É feio!

04/10/2017
 

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