21 de novembro de 2018

Lopes Marcelo
CANCIONEIRO LOCAL III (CANTIGAS DE AMOR)

No âmbito da literatura tradicional popular transmitida oralmente ao longo de sucessivas gerações, destaca-se o que tenho designado por alfabetos funcionais que correspondem à expressão dos saberes, dos modos de ser, de sentir, de fazer, de falar e de cantar.
Em relação à nossa música tradicional popular, na sua pauta mais genuína e expontânea que se expressa no cancioneiro local à capela, é muito vasto o mosaico de cantigas que o povo adoptou de modo a expressar a sua vida, o seu modo de produção e os valores que guarda e transmite.
Prosseguindo a divugação do Cancioneiro local, recolhido no concelho de Penamacor, abordamos hoje o riquíssimo mosaico do sentir em melodias originais que expressam o natural enredo do enamoramento. Cantigas de amor genuínas e originais que ainda não tinham sido registadas, quer a letra, quer a pauta musical. Constituem a expressão de uma das vertentes essenciais da vivência rural. Matriz do relacionamento afectivo e pauta mágica a moldar o sentir e a expressar alegremente a ilimitada partitura do desejo e da celebração da vida. Aqui deixo dois exemplos.
No primeiro exalta-se a alegria, o amor e a paixão, num tempo em que se namorava apenas ao Domingo e a meio da semana. No segundo enaltecem-se os namoros conhecidos, da mesma terra e em que os segredos de amor não se devem contam a ninguém.


Adeus ó meu amor

 

Refrão
Adeus ó meu amor
Só de ti levo alegria
Adeus ó meu amor
Saúde até outro dia.
Adeus ó meu amor
Só de ti levo paixão
Adeus ó meu amor
Até outra ocasião.

Adeus meu amor, adeus,
Adeus que me vou embora
É um adeus amadioso
Quem diz adeus sempre chora.

Refrão
Adeus meu amor, adeus,
Adeus até Quarta-feira
Quem há-de estar sem te ver
Uma semana inteira.

Refrão

Ninguém é capaz de fazer uma ideia

  

Refrão
Ninguém é capaz
De fazer uma ideia
Que lindas mocinhas
Há na minha aldeia.

Raparigas cantai todas
Ai nomeai a vossa terra.
Minha terra é Aranhas
Ai nascida e criada nela.

Refrão
Quando eu além vi vir
Tua boquinha a falar,
Logo o meu coração disse
Ai, ali vem quem hei-de amar.

Refrâo
Rapariga, a tua vida
Não a contes a ninguém,
Que uma amiga tem amigas
Outra amiga amigas tem.

Refrão
Menina não dê o sim
Ai, lá para fora da aldeia.
Que o amor que há-de ser seu
Ai, pela porta lhe passeia.

Refrão
Coração de pedra dura
Ai, daquela mais bem lavada.
Nunca o meu coração pode
Ai, contigo acabar nada.

Rapariga, a tua vida
Não a contes a ninguém
Que uma amiga tem amigas
Outra amiga amigas tem
Refrão
Menina não dê o sim
Ai, lá para fora da aldeia.
Que o amor que há-de ser seu
Ai, pela porta lhe passeia.
Refrão
Coração de pedra dura
Ai, daquela mais bem lavada.
Nunca o meu coração pode
Ai, contigo acabar nada.

21/11/2018
 

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