Edição nº 1637 - 6 de maio de 2020

O presente e o futuro do atletismo

Portugal encontra-se desde as zero horas do dia 3 de maio em situação de calamidade. Regulada pela Resolução do Conselho de Ministros nº 33-A/2020 de 30 de abril, a situação de calamidade vem permitir aos portugueses algum desconfinamento das regras impostas pelo estado de emergência. A atividade física e desportiva não foi esquecida, sendo abordada no artigo 16 da referida legislação. È imposto um distanciamento de dois metros em atividades efetuadas “lado-a-lado” e quatro metros para atividade “em fila”, e é proibida a partilha de materiais e equipamentos bem como o acesso a balneários. O exercício físico é permitido até cinco praticantes com enquadramento de um técnico ou a prática recreacional até dois praticantes.
Analisando, a curto prazo, o impacto destas medidas no atletismo, verifica-se que os atletas que praticam disciplinas realizadas em pista podem voltar aos treinos e até mesmo voltar a competir, desde que se cumpram as regras atrás referidas. Dessas disciplinas de pistas, os 1500 m, 5 000 m, 10 000 m, marcha e corrida de obstáculos e barreiras poderão ser as mais complicadas de adaptar a esta nova realidade. Quanto às provas disputadas em estrada a situação é completamente diferente. O distanciamento é complicado, para não falar impossível, de se verificar. Basta vermos a partida de uma prova e o seu desenrolar para se confirmar isso mesmo. E penso que, a avaliar pelo impedimento de todas as atividades que implicam a existência de aglomerados, não será nos próximos tempos que as provas de estrada irão regressar.
Para quem está habituado a participar em provas de estrada, os próximos tempos não vão ser fáceis. Apesar de poderem treinar, faltam as provas para existir competição e para atingirem os objetivos propostos no inicio da época. Por isso esta vertente do atletismo tem de se adaptar a estes novos tempos para manter o os amantes da modalidade ativos, motivados e impedir o abandono. E é isso que se começa a verificar. O primeiro passo foi dado por corridas em casa como aquelas em que Romeu Afonso participou e que foram divulgadas no nosso artigo do dia 08 de abril. E outros se estão a dar. No dia 1,2 e 3 de maio, os atletas da secção de atletismo do CCDR Colmeal da Torre, através do #Desafio123, competiram entre si, cada um isoladamente, com o objetivo de ver quem fazia mais quilómetros na totalidade dos três dias. Para o fim-de-semana que se aproxima, esta secção já tem preparada uma nova iniciativa. Não sendo possível realizar a VI Meia Maratona de Belmonte nos moldes tradicionais, aquela equipa do concelho de Belmonte desafia os interessados a correr, na manhã ou tarde de domingo, perto das suas áreas de residência os 21 quilómetros e fazer o registo da aplicação Strava. Para aqueles que acham que a distância é grande existe a possibilidade de fazerem 10 quilómetros. Através da rede social facebook, chega um desafio do Centro de Massagem Terapêutica e Desportiva localizado na Covilhã. Os atletas seniores e veteranos do Concelho da Covilhã e zona envolvente são desafiados a participar na 1ª Liga de Atletismo Centro de Massagem Terapeutica e Desportiva. Um desafio de 6 etapas a duas voltas, em que cada etapa é disputada num trilho na zona da Covilhã distribuído através de uma app. O que está surgir também que é importante para manter a motivação e ligação dos atletas à modalidade são as formações, reuniões, mesas redondas através de plataformas digitais.
E como será quando tudo voltar à normalidade? Começando pelas competições de pista existirão dois cenários diferentes. A nível regional, as provas devem manter-se como até à data que este maldito vírus nos resolveu fazer uma visita. A nível nacional a situação é outra. As provas nacionais são organizadas pela Federação Portuguesa de Atletismo com o apoio das autarquias onde as mesmas se realizam. Depois do investimento no combate à pandemia, as autarquias vão ter menos dinheiro para apoiar os eventos. A Federação Portuguesa de Atletismo irá ter uma tarefa complicada pela frente. O mesmo se passa para as competições nacionais de estrada e corta mato, também elas “dependentes” do apoio de autarquias. Nas provas de estrada a nível regional, é muito importante o apoio das Câmaras Municipais, das Juntas de Freguesia, das empresas e de empresários em nome individual. Se dos dois primeiros já falamos do que se vai passar, das empresas e empresários em nome individual vamos esperar uma situação idêntica de recessão. As receitas de ambos baixaram e até voltarem ao que era vai demorar muito, pois a crise económica vai fazer-se sentir. Logo os apoios às organizações das provas vai ser mais reduzidos ou até nulos. Se os apoios não chegam, as organizações, para manterem as provas, têm de ir buscar mais receitas às taxas de inscrição para pagar as despesas (policiamento, prémios, almoço, seguro,…) e/ou diminuir os prémios e deixar de dar almoço aos atletas. Mas se decidirem aplicar taxas de inscrição ou aumentar as existentes não se podem esquecer que as equipas também viram os seus apoios reduzidos e muitos atletas que correm individualmente ou que correm por equipas mas pagam as suas inscrições viram os rendimentos familiares reduzidos devido ao desemprego.
Manuel Geraldes

06/05/2020
 

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