Edição nº 1638 - 13 de maio de 2020

Alfredo da Silva Correia
ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS - ADAPTAÇÃO PRECISA-SE

Um dos problemas que muito hoje nos preocupa é o das alterações climáticas, temendo-se que, se nada for feito, chegará o tempo de o homem não ter condições de vida no planeta terra, embora tenhamos que reconhecer que poderá ser um processo progressivo e doloroso, a que a humanidade poderá vir a estar sujeita, com falta de água, com tempestades destruidoras e mesmo com terramotos e vulcões frequentes. São sinais já hoje bem evidentes com os quais temos deparado durante as últimas décadas e culminam agora com o processo do COVID-19, cujo desfecho ainda não sabemos como decorrerá.
Com a experiência dos meus oitenta anos não posso deixar de testemunhar que efectivamente o clima sofreu alterações profundas, embora haja regiões em que tal problema se está a fazer sentir mais rapidamente. Recordo-me de numa visita que fiz a Inglaterra, há cerca de 20 anos, ter feito sentir a um inglês a sorte que tinham por, em pleno verão, terem tudo verde e ter recebido a resposta de que estando melhor do que muitos outros, para voltarem a ter as reservas de água que tinham no passado, seria necessário chover consecutivamente durante 6 meses. Sem dúvida que a água sendo um bem essencial à vida, no passado, não se lhe dava valor por ser um bem muito abundante mas, nos tempos que vivemos, começa cada vez mais a tê-lo, por ser progressivamente cada vez mais um bem escasso. Sendo assim, não sabemos bem para o que estará guardada a humanidade se tal tendência de falta de água continuar com a progressividade das últimas décadas.
Sobre esta problemática aumentam cada vez mais os conscientes sobre este problema e aqueles que se interrogam se ainda será possível fazer algo para inverter a situação com progressividade crescente em que a humanidade se encontra.
Assim, tanto surgem aqueles que entendem que o homem em nada contribuiu para tais alterações climáticas, devendo-se tal a grandes ciclos pelo que, sem nada se fazer, chegará novamente o ciclo da anterior situação climática, como há os que estão já convictos que a situação difícil que estamos a viver se deve ao modo de vida actual do homem. De facto, pode haver a interpretação de que para atingirmos o nível de vida de que hoje beneficiamos, atacámos a natureza e ela está a dar-nos sinais de revolta. Eu pessoalmente já defendi a primeira teoria mas, hoje temo muito que seja a segunda a causa de tais alterações climáticas preocupantes, sobretudo pela enorme mobilidade que o modo de vida actual hoje nos exige.
Cada vez há maior consciência para este problema mas muito pouco se avança quanto ao que o homem poderá fazer para o minimizar, ou mesmo para o inverter. Sobre esta problemática devemos, na minha opinião, começar por compreender que a mesma é mundial, pelo que não adianta uns fazerem algo positivo na matéria em apreço e outros nada. A segunda observação é a de se o homem é ou não capaz de tecnicamente resolver o problema, conseguindo manter o nível de vida actual e a respectiva mobilidade, por via da criação de mecanismos que não ataquem a natureza. Sobre este aspecto quero acreditar que tudo se tem de fazer, nesta matéria, para o conseguir, mas receio muito que não seja suficiente, ou pelo menos o resultado de tais esforços dificilmente chegará a tempo de evitar muitos sofrimentos.
Desta forma julgo que o homem tem de actuar nas duas vertentes, ou seja na ciência e técnica para ver se consegue substituir tudo o que seja poluente e na alteração progressiva do modo de vida. Atingimo-lo por via do processo da globalização, o que implica uma mobilidade crescente quer terrestre, aérea e mesmo marítima. Já se começa a falar na enorme poluição dos aviões e a verdade é que as alterações climáticas que se sentem são coincidentes com o crescimento progressivo de tal processo da globalização. Assim, interrogo-me porque razão as autoridades mundiais não criam mecanismos de inversão do mesmo para reduzir a mobilidade, o que considero possível, havendo vantagens se tal for feito a pouco e pouco permitindo adaptação.
Terá sem dúvida custos na qualidade do nosso modo de vida, mas parece que a alternativa é a autodestruição da humanidade, por não haver condições de vida no nosso planeta, num futuro, eventualmente, não muito longínquo. Não há bela sem senão... Leituras, mas nada se perde em reflectir. É o que faço e transmito.

13/05/2020
 

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