FRONTEIRA - PATRIMÓNIOS E MEMÓRIAS
SOPA on-line no Fundão
O Fundão acolheu, durante a última semana, a oitava edição do SOPA - Congresso Internacional de Socialização do Património em Meio Rural com o tema estruturante Fronteiras - Patrimónios e Memórias. Do Geográfico ao Imaginário Coletivo organizado pela Underground Arqueologia Património & Gente e pela Câmara do Fundão, através do Museu Arqueológico Municipal.
As anteriores edições do SOPA decorreram em Espanha, Argentina, no México, Chile e na Colômbia vinculando a iniciativa a geografias ibero-americanas a que junta Portugal com esta experiência que vai ter uma segunda parte na próxima primavera “como território operativo as comunidades da Serra da Gardunha, orografia do Portugal central, um relevo de convergência cultural milenar, no contexto da história dos territórios de baixa densidade do interior português”, como adiantou o presidente da Câmara do Fundão, Paulo Fernandes.
A edição do Fundão decorreu on-line adaptada à conjuntura resultante da crise pandémica e contou com a prestação de quase 100 de investigadores de instituições académicas, coletivos e associações locais e regionais das áreas da arqueologia colaborativa, do património cultural em meio rural e da museologia comunitária. Luís Raposo, presidente do ICOM Europa, abriu os trabalhos desenvolvidos por investigadores do México, de Espanha, da Bolovia, da Arentina, do Perú e do Chile.
Pedro Salvado, coordenador da edição portuguesa, considera que “o Fundão com o SOPA foi um farol de saberes plurais ousando continuar a falar e a pensar o âmago de palavras aparentemente já gastas como identidade, património, fronteira, global, local, tempo e territórios com e para todos unindo, vontades, ciências, escalas e geografias. Foram quatro dias intensos. O seminário virtual prova que resistimos e que não desistimos. Na primavera o SOPA regressa ao Fundão. Gardunha, a estas longitudes e latitudes da Beira dita interior carregadas de verde esperança”.
Para Sabah Walid da organização do SOPA este é “um encontro com o qual queremos contribuir para a transmissão do património em meio rural, e propiciar uma verdadeira democracia cultural e trabalhar no sentido coletivo, com gente, com a comunidade, que quer mudar as formas de nos relacionarmos com a nossa cultura e emancipar o conhecimento mediante a expansão dos saberes e a cocriação de conteúdos e metodologias. O património rural é gerador de riqueza e possibilita o desenvolvimento de iniciativas culturais e económicas inovadoras e sustentáveis no território”.
Alcina Cerdeira, vereadora da Cultura da Câmara do Fundão, também augura uma segunda pare do evento excecional e refere que “é para nós muito importante a vertente educativa nas áreas do património. A gestão participativa é uma pedra de toque da nossa ação municipal em prol da defesa do património rural . E em maio, fazemos votos, a Gardunha e as suas comunidades, receberão todos os nossos afetos com a realização de seminários abertos, fóruns, debates, exposições, instalações artísticas, teatro, sessões de cinema documental, entre outras atividades, desta vez presenciais. E já que o tema será a fronteira, vamos homenagear um grande conhecedor e investigador das nossas condições de beirões fronteiriços, o geógrafo amigo do nosso território, Rui Jacinto”.