João Belém
PENSE BEM E SENTIR-SE-Á MELHOR
«Não é o que nos acontece que nos afeta, mas aquilo que dizemos acerca do que nos acontece»
Epicteto
Costumamos ter a impressão de que os acontecimentos externos - aquilo que nos acontece - influenciam as nossas vidas, dando origem a emoções: raiva ou satisfação, alegria ou tristeza... Segundo essa ideia, existiria uma associação direta entre êxito e emoção. Por exemplo, se um familiar morre, sinto-me triste. Se alguém me insulta, sinto-me ofendido. Temos a impressão de que existe uma relação direta (de causa e efeito) entre acontecimentos e emoções.
Na realidade, a psicologia cognitiva, o nosso método de transformação pessoal, diz-nos que isso não é verdade. Entre os acontecimentos exteriores e os efeitos emocionais existe uma força intermédia: os pensamentos. Se me sinto deprimido pelo facto do meu familiar ter falecido, isso não acontece pelo acontecimento em si, mas porque digo a mim próprio algo como: «Meu Deus, estou sozinho, que horror, vou ser um infeliz!», e estas ideias produzem em mim a emoção correspondente, neste caso, medo, desespero e depressão.
São as ideias, a interpretação do abandono, o meu diálogo interno, que me deprimem, e não o facto do meu familiar ter ido embora.
É isto, exatamente, que Epicteto (atualmente é considerado um dos maiores filósofos de todos os tempos) dizia: «Não é o que nos acontece que nos afeta, mas aquilo que dizemos acerca do que nos acontece.»
Todos nós temos a sensação de que os acontecimentos dão origem - automaticamente - às emoções e este erro é o principal inimigo do nosso crescimento pessoal. Por exemplo, dizemos frequentemente frases do estilo: «O João irrita-me», e aqui estamos já a cometer o erro que referimos. O João não me irrita, sou eu quem me irrita!
Se analisarmos cuidadosamente o nosso processo mental, veremos que o João leva a cabo determinadas ações (supostamente inconvenientes) e eu manifesto no meu interior ideias do estilo: «Isto é intolerável! Não consigo suportar!»
São essas ideias que têm o poder de me irritar, não a forma de agir do João que, no que diz respeito a emoções, é neutra. A verdade é que nem todas as pessoas reagem da mesma maneira quando estão com o João: a umas ele irrita mais do que a outras. Há mesmo pessoas às quais nem origina qualquer tipo de mal-estar. Tudo depende do diálogo interno de cada um. É o diálogo interno o verdadeiro produtor - por vezes oculto - das emoções.
Assim todos - sim, todos - podemos aprender a ser mais fortes e equilibrados a nível emocional, não esquecendo que a aprendizagem acontece através da transformação da nossa maneira de pensar - a nossa filosofia pessoal, o nosso diálogo interno.
Concluindo, o essencial é que, em qualquer momento, em qualquer idade, todos podemos mudar a forma como pensamos para a tornar mais positiva e construtiva.
As emoções só são possíveis a partir de determinados pensamentos e o segredo para a mudança está em aprender a pensar de uma maneira mais eficaz.