João Carlos Antunes
Apontamentos da Semana...
COMO SE PREVIA, tivemos em quase todas as autarquias do nosso Distrito, os resultados eleitorais que eram esperados. Um distrito que continuou a estar pintado de cor-de-rosa, apenas três, Fundão, Oleiros e Vila de Rei a manterem-se na linha do PSD. E aqui reside uma das surpresas da noite, com a Sertã, tradicionalmente laranja, a cair para o PS, uma vitória que nos parece ter surpreendido mesmo o partido vencedor. Foi uma boa vitória de Carlos Miranda, professor e diretor do Instituto Vaz Serra durante 14 anos. A outra meia surpresa foi a da vitória de Leopoldo Rodrigues, candidato do PS, em Castelo Branco. Foi uma vitória muito suada sobre o movimento criado por Luís Correia que mostrou estar politicamente bem vivo. Tendo ganho nove freguesias do Concelho, a influencia de Luís Correia é de assinalar, um dado que o novo presidente da autarquia terá de ter em conta. E, finalmente, como já tínhamos antecipado em crónica anterior, temos um PSD com fraca votação, mas a suficiente para lhe dar um vereador. João Belém poderá ser o fiel da balança na governabilidade do Concelho de Castelo Branco. E não queria deixar de referir o Chega que ficou em quarto lugar à frente dos partidos mais à esquerda, com um BE a ter uma votação residual. Se o Chega, em Castelo Branco, fez uma aposta forte e obteve um bom resultado, o mesmo não aconteceu na Covilhã onde apresentou um candidato caricato e alvo de chacota nacional. Se calhar ao André Ventura isso não importa, desde que falem dele...
Se localmente o PS pode cantar vitória, já a nível nacional não o pode fazer com o mesmo entusiasmo. Foram eleições em que a maioria dos partidos e movimentos de uma forma ou outra reclamam vitórias. O PS continua a ser o partido mais votado e com maior número de câmaras, mas perdeu duas joias da coroa, Lisboa e Coimbra, e foi um desastre no Porto. São resultados que dão ao eleitor médio uma perceção de derrota de António Costa que ofuscou conquistas importantes como Loures ou a confirmação de Almada, agora com a maioria absoluta conseguida por Inês de Medeiros. Curiosamente as conquistas mais importantes do PS foram à custa do PCP. Estes resultados podem ser reflexo de algum cansaço do governo socialista ou motivados por erros estratégicos da campanha protagonizada por António Costa. E estas eleições correram de feição a Rui Rio que agora vai ver a sua liderança entrar num período de bonança, com os críticos a guardarem as armas para melhor ocasião. Finalmente, umas palavras para o CDS que apesar do entusiasmo esfuziante e quase juvenil de Francisco Rodrigues dos Santos, pelas conquistas em Lisboa e Porto e a manutenção das seis autarquias que já liderava, aparece cada vez mais irrelevante quando concorre sozinho e a sugerir que o futuro passará inexoravelmente pela fusão com o seu habitual parceiro de coligação.