João Carlos Antunes
Apontamentos da Semana...
FOI PUBLICADO NA SEMANA PASSADA em Diário da República, a portaria que estabelece as normas orientadoras para a execução do programa que visa apoiar as pessoas em situação de carência económica e risco de exclusão social com a implementação do Cartão Social, dentro do Programa Operacional de Apoio às Pessoas Mais Carenciadas (POAPMC) e do Fundo de Auxílio Europeu às Pessoas Mais Carenciadas (FEAC). Na voracidade da campanha eleitoral, foi uma medida social que passou um pouco despercebida, mas que na fase de projeto piloto a iniciar no último trimestre do ano, vai envolver já trinta mil famílias mais carenciadas que poderão usar o cartão na compra de alimentação e vestuário em lojas aderentes ao sistema. Uma medida positiva na luta contra a pobreza e a exclusão social que é de seguir com atenção.
ENTRAMOS NA SEGUNDA SEMANA de campanha eleitoral num ambiente polarizado, de indecisão como há muitos e muitos anos não se via, sobre os resultados que ditarão a formação de um novo governo. Um ambiente de incerteza que há pouco mais de um mês não se adivinhava. E que o eleitorado de esquerda, no caso cada vez mais possível de ser a direita moderada somada à direita mais extremista a ganhar as eleições, não vai entender e quererá apontar responsabilidades aos líderes que provocaram estas eleições… Tem sido uma campanha onde algumas das preocupações mais sérias que atravessam a sociedade portuguesa têm ficado à porta, substituídas por fait divers de cães, gatos e coelhos, animais de estimação dos candidatos. Entretanto a Europa tem estado completamente ausente da campanha, pior ainda quando às portas desta mesma Europa comunitária se desenha uma guerra que vai ter consequências bem gravosas para os portugueses como para todos os europeus.
UM RUFIA QUANDO É GENUÍNO será sempre rufia. É o que vemos por estes dias em Inglaterra onde Boris Johnson tem visto a sua autoridade esfumar-se dia a dia por via das inúmeras festas e festarolas que a sua equipa promovia nos jardins da residência oficial, onde reunia dezenas de funcionários e assessores numa altura da pandemia quando lá fora os cidadãos tinham de respeitar as ordens do governo de Boris, de distanciamento social e proibição de convívios. Os cidadãos ingleses não entendem que no momento em que as regras do confinamento determinadas pelo governo de Boris Johnson não permitiam os convívios familiares ou impediam mesmo a manifestação da dor de acompanhar os entes queridos à última morada, o rufia se divertisse à grande em comezainas bem regadas no número 10 de Downing Street, não respeitando mesmo os dias de luto oficial aquando da morte do príncipe Filipe. E o herói do Brexit, conseguido por caminhos enviesados, está agora em maus lençóis, à beira de ser despejado. Com as festas a serem investigadas, até pelas autoridades policiais, com muitos deputados conservadores a manifestar indignação e há mesmo quem mude de trincheira. Quem foi rufia toda a vida não é agora que muda.