Edição nº 1730 - 23 de fevereiro de 2022

João Carlos Antunes
Apontamentos da Semana...

AS COISAS ESTÃO A ACONTECER com uma rapidez extraordinária, próprio de tempos assentes em terrenos movediços, provavelmente vive-se em tempos que, mesmo que ainda o não saibamos, serão já de guerra. Por isso importa dizer que este texto está a ser escrito no dia em que a Rússia reconheceu como estados independentes, as províncias ucranianas de Donetsk e Lugansk, territórios controlados em parte, desde 2014, por separatistas pró-russos, fonte de conflito permanente desde então e já com muitos milhares de mortos. Este é o passo que Putin necessitava dar para justificar internacionalmente a eminente ocupação militar destes territórios, que à luz do direito internacional pertencem à Ucrânia. A pretexto de proteger dos eventuais ataques da Ucrânia, o governo que apenas ele reconhece e também os seus países fantoches naturalmente hão de reconhecer. São assim evidentes as razões para estarem a ser deslocados para a Rússia cerca de setecentos mil civis, mesmo que contra sua vontade, residentes nas zonas de Donetsk e Lugansk. Claro que a União Europeia teria de condenar firmemente, através de Ursula von der Leyen, esta grave violação do Direito Internacional, garantindo uma resposta com unidade e firmeza. Infelizmente parece-nos que já muito dificilmente a máquina de guerra poderá parar. Devido à irracionalidade manifestada por Putin no seu afã de recriar o império russo, virá a ter também consequências económicos e sociais muito graves para o povo russo. Numa Europa a sair de uma crise sanitária arrasadora, quando arrancava a recuperação económica, isto é tudo o que não se desejaria agora. Uma escalada que pode terminar numa guerra nuclear, desencadeada por um autocrata que governa uma grande nação, onde a democracia não existe, onde os oposicionistas vão sendo eliminados, onde a liberdade de imprensa é mera fantasia.

ENTRETANTO, DURANTE DUAS SEMANAS foi-se discutindo por nossas soalheiras terras, a candidatura de um deputado do Chega a vice-presidente da Assembleia da República. Foram muitos os debates a propósito da pretensão do partido da extrema direita, com a comunicação social, em especial os canais de noticias, a alinhar na estratégia de André Ventura que se alimenta disto mesmo, da vitimização e do princípio básico da política de que o importante é que se fale de nós. Por isso, a estratégia de Ventura foi clara: indica-se um nome, o de Diogo Pacheco de Amorim, homem ligado à luta de resistência e terrorismo contra o 25 de Abril, que terá muitas poucas probabilidades de ser aceite pelos seus pares. E pronto, monta-se o show off habitual. Um campo fértil para os canais de notícias fazerem render o tempo de antena. E pergunta-se aos deputados se vão votar contra ou a favor. Nem a pergunta deveria de ser feita, nem a resposta teria de ser dada. De acordo com a Constituição, o Chega tem o direito de apresentar candidato ao lugar e como a eleição é por voto secreto, os deputados votarão de acordo com o que as suas consciências ditarem. Simplesmente, isto. Sem drama nem polémica. E deixe-se o Chega a esbraejar, sozinho, a gritar por inconstitucionalidade. Que Ventura sabe perfeitamente não existir...

23/02/2022
 

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