Edição nº 1736 - 6 de abril de 2022

João Carlos Antunes
Apontamentos da Semana...

A ESCOLA PÚBLICA, os professores, os responsáveis políticos da educação cometeram uma proeza que vale a pena enfatizar. Portugal, em 20 anos, passou da cauda da Europa no abandono escolar precoce, com cerca de cinquenta por cento, para o pelotão da frente no que respeita a um problema que é também um reflexo do desenvolvimento cultural do País, com uns residuais pouco mais que cinco por cento. Um caminho percorrido que é bom se diga se deve muito ao empenho de um grupo profissional que está a enfrentar problemas vários, que podem desembocar num grave problema nacional. Sabe-se da desvalorização social da profissão, muito para além do natural resultado da massificação do ensino, conhece-se a instabilidade que acompanha o docente durante parte significativa da sua vida profissional, tal como uma carreira docente pouco motivadora que torna quase miragem a possibilidade de subir na carreira em tempo útil de vida profissional, até atingir os lugares de topo. Por tudo isto, não se estranha que cada vez menos jovens considerem a possibilidade de se dedicarem a uma carreira que deveria ter todas as condições para ser gratificante. Um problema a somar ao problema do envelhecimento do corpo docente. E é assim que o estudo publicado recentemente pela Pordata alerta para uma situação que se vai tornar dramática a muito breve prazo: a falta de professores, particularmente para o terceiro ciclo e secundário. Se este ano, essa falta de profissionais num razoável grupo de disciplinas, já afetou mais de cinquenta mil alunos, o estudo prevê que em 2023 serão já cem mil os alunos afetados pela falta de professores. Sabendo-se que atualmente serão dez vezes menos do que no início do século os professores recém-formados e sabendo-se que a inversão da tendência levará tempo a obter resultados, é certo que vamos ser confrontados com um enorme problema para os responsáveis políticos resolverem com urgência. Ou que já deveria estar há bastante tempo no centro das suas preocupações. Porque não há tempo a perder.

A COMUNIDADE INTERNACIONAL está em estado de choque, horrorizada com as terríveis imagens que nos chegam da cidade de Bucha, nos arredores de Kiev, ocupada durante várias semanas pelos soldados russos. O recuo das tropas invasoras trouxe para a luz do dia os horrores de uma guerra sangrenta perpetrada por um regime autocrata liderado pelo ditador Putin. O que aconteceu em Bucha é um somatório de crimes de guerra que os países democráticos têm obrigatoriamente de levar ao Tribunal Penal Internacional, Putin e os militares envolvidos nas operações. Porque o assassínio de civis, muitos com mostras de torturas, a violação de crianças e mulheres e outros crimes não podem ficar impunes. Agora é a hora de instituições internacionais independentes, como a ONU, entrarem no terreno para investigar os crimes e os imputar aos assassinos, sejam eles quais forem. As autoridades russas recusam responsabilidades e com um cinismo inimaginável até afirmam que, por culpa do invasor nem um único civil ucraniano foi sequer ferido. Mas como nos dizem os técnicos e cientistas legistas, os mortos falam. Para que o seu sofrimento não caia no esquecimento.

06/04/2022
 

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