Edição nº 1746 - 15 de junho de 2022

ANTOLOGIA ORGANIZADA POR GONÇALO SALVADO COM DESENHOS DE FRANCISCO SIMÕES
Poeta do amor ardente celebrado em dia de calor

A antologia de poesia Com Vinho e Rosas – O amor o vinho e as rosas na poesia de Luís Vaz de Camões – Homenagem aos 450 anos da Ilha dos Amores, organizada pelo poeta Gonçalo Salvado, com desenhos do escultor Francisco Simões e texto de abertura de Maria João Fernandes, foi lançada, no Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, 10 de Junho, na Livraria Sá da Costa, no Chiado, em Lisboa, presidida, simbolicamente, pelo poeta representado em icónica escultura do Largo que tem o seu nome em Lisboa. A obra é da responsabilidade da Lumen e da Livraria Sá da Costa Editora, em parceria com a Quinta dos Termos.
A antologia, concebida para celebrar os 450 anos da Ilha dos Amores, criação de Camões incluída nos Lusíadas, insere-se numa coleção de poesia, única no panorama editorial português, dirigida por Gonçalo Salvado, na qual as obras surgem em formato original livro/garrafa, numa união que pretende materializar a relação simbólica e milenar entre o vinho e a poesia. O editor é Ricardo Paulouro.
A obra reproduz no título um verso, adaptado, de Camões da estrofe 41 do Canto IX, de Os Lusíadas, onde se encontra o célebre episódio da Ilha dos Amores: “Ali, com mil refrescos e manjares/ Com vinhos odoríferos e rosas (…) Os esperam as Ninfas amorosas, D’ amor feridas, pera lhe entregarem/ Quanto delas os olhos cobiçarem.”
A antologia reúne uma seleção das referências ao vinho e às rosas na poesia e na dramaturgia de Camões e reproduz na capa um retrato de Camões, pelo escultor Francisco Simões, escultor do amor, igualmente autor de um conjunto escultórico intitulado Ilha dos Amores e Ninfas que se encontra no espaço arquitetónico do Parque dos Poetas, em Oeiras, e que evoca as figuras e o espaço descritos por Luís de Camões na Ilha dos Amores. Fotos que registam alguns aspetos desse conjunto escultórico ilustram o interior do livro que agora se publica juntamente com dois desenhos de nu feminino do mesmo artista.
Francisco Simões não pôde estar presente na sessão, como previsto, por razões de saúde tendo sido hospitalizado na noite anterior ao lançamento, após a sua chegada de avião a Lisboa, vindo de propósito para o evento, do Funchal, cidade onde reside.
O editor que abriu a sessão, sublinhou o ineditismo no panorama editorial português da coleção em que a presente antologia se insere, seguindo-se a intervenção do diretor da coleção, Gonçalo Salvado, esclarecendo que a ideia de homenagear Camões, através de uma das suas criações mais emblemáticas: A Ilha dos Amores, surgiu do grande fascínio que este texto marcante da lírica camoniana sempre lhe suscitou, palco de um erotismo sensual e lírico com o qual tanto se identifica. E discorrendo sobre a poesia de Camões acrescentou que “se há poesia com a qual o nosso lirismo tem laços de profunda consanguinidade, essa é a de Camões. Como nenhuma outra marcou indelevelmente a expressão do amor, permitindo-nos através dela reconstituir uma arte de amar em língua portuguesa. A sua primeira leitura foi para mim uma das experiências mais apaixonantes que vivi. Não há verso lírico de Camões que não guarde o vestígio do pulsar do meu próprio coração, do meu total arroubamento. A sua estética amorosa inspirou a minha e conduziu-a pelas sendas de um culto a uma divindade feminina, mas com um rosto muito humano, que é para ele a mulher, fonte de encantamento dos sentidos e de uma contínua exaltação que é a mais genuína fonte da poesia”.
Gonçalo Salvado lembrou que esta nova antologia se segue a uma outra, de maior fôlego, de sua autoria, Camões Amor Somente (Salamanca, Espanha, 1999), uma transcriação, que na verdade foi um estreito diálogo entre o seu universo e o daquele que é considerado o expoente do lirismo português e um dos expoentes do lirismo europeu.
Maria João Fernandes, por sua vez pronunciou-se sobre o conteúdo da antologia, ao afirmar que “na poesia de Camões, aqui reunida, os sentidos participam e conduzem um festim que é mais do que embriaguez amorosa, celebração da vida, no zénite do seu esplendor que parece imperecível. O olhar, o olfato, têm aí um lugar privilegiado, abrindo à alma os pórticos das delícias de um corpo que é o espelho da plenitude e da graça da própria natureza. Almas ardem na fogueira dos sentidos e estes vibram com todas as nuances das cores que cintilam com a iridescência de um arco-íris. O vinho em contexto mitológico acompanha esta celebração do amor com o valor iniciático de uma progressão no conhecimento, como a viagem”.
Maria Paula Mendes assumiu o recital de poesia de Camões, tendo em seguida o organizador convidado pessoas presentes na sala a lerem excertos reproduzidos na antologia.
A sessão terminou com um ato simbólico, com a colocação de um ramo de rosas junto ao monumento a Camões da autoria do escultor Víctor Bastos (1830-1894), no largo que tem o nome do poeta, ao Chiado.
Para documentar o lançamento foi realizado um vídeo, juntando-se a outras filmagens inicialmente efetuadas junto ao conjunto escultórico da Ilha dos Amores e Ninfas, da autoria de Francisco Simões, no Parque dos Poetas, em Oeiras.
O vídeo realizado pelo fotógrafo Henrique Calvet, será transmitido, via Internet, na próxima sexta-feira, 17 de junho, no Facebook, na página de partilha de poesia Quem Lê Sophia de Mello Breyner coordenada por Lília Tavares e Carlos Campos.
Por outro lado, a Livraria Sá da Costa para assinalar o evento e a data, fez uma montra temática, colocando em exposição obras de Luís de Camões e com esta relacionadas e esculturas alusivas ao Nascimento de Vénus de Sandro Botticelli, da coleção Amor/Erotismo, de Gonçalo Salvado.

15/06/2022
 

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