João Carlos Antunes
Apontamentos da Semana...
A DECISÃO TOMADA PELO SUPREMO TRIBUNAL DE JUSTIÇA, dos Estados Unidos da América de reverter o direito constitucional de todas as mulheres Americanas poderem recorrer ao aborto nos casos definidos pela lei, criou ondas de choque, dividiu ainda mais os cidadãos e trouxe para as ruas muitos milhares de mulheres e homens contra a decisão tomada por um órgão que deveria ser independente, mas que está refém de um grupo de juízes ultra conservadores e imbuídos de um fanatismo religioso que faz temer ser este apenas o princípio de um caminho de regressão civilizacional, de perda de direitos conquistados ao longo de muitas décadas. Depois do aborto, já se aponta que está na mira destes seis juízes que dominam o órgão judicial de nove elementos nomeados vitaliciamente, os direitos LGBT ou até o caminho para o regresso a uma certa separação racial, em especial na educação, na linha do que já se vai tentando implementar em alguns estados por parte dos seguidores deste fanatismo religioso e trumpista. Inspiração foi toda de Trump, que conseguiu o inimaginável, conseguiu num só mandato presidencial nomear três juízes para o Supremo. Juízes à sua imagem e garantidamente defensores das suas ideias reacionárias e ultramontanas. Três juízes ainda suficientemente jovens para garantir por muitos e bons anos um Supremo que não reflete de forma alguma as principais correntes de pensamento dos cidadãos Americanos. A decisão do Supremo permite que cada estado legisle sobre o assunto da forma que entender, sem peias constitucionais. E os estados governados por republicanos já têm a legislação que criminaliza o aborto pronta a ser aplicada. Com os estados governados por democratas, como Nova Iorque ou Califórnia a anunciar que irão continuar a não penalizar o aborto e a apoiar todas as mulheres Americanas, independentemente do estado onde residam. Mas o que acontece é que muitas delas terão de percorrer distâncias de muitas horas ou usar mais do que um meio de transporte para chegar a estes estados refúgio. E muitas mulheres não têm sem recursos económicos para esta deslocação. Como sempre, aqui e em qualquer lugar (os números estatísticos não enganam), a proibição da prática de aborto não faz diminuir o número mas faz aumentar a morte. E é uma questão de saúde pública que afeta principalmente os grupos mais desfavorecidos, nos Estados Unidos, uma parte substancial da população negra.
O QUE DIZER DE UM PAÍS que invade outro, quero dizer, intervêm noutro país numa operação militar especial, numa operação tão benemérita de salvação que destrói por completo cidades inteiras, que destrói escolas, teatros, hospitais e centros culturais (imaginamos) por mero acaso. Não deveriam ter sido construídos ali, no sítio exato onde explodiu o míssil. Que mata indiscriminadamente crianças, mulheres e idosos que (claramente) estão a mais naquele cenário. O que dizer de um país que, em plena luz do dia, ataca e destrói um centro comercial causando número ainda indeterminado de mortes e feridos? Há quem considere esse país um país terrorista. Mas não, não se pode humilhar o líder desse país.