Edição nº 1770 - 7 de dezembro de 2022

João Carlos Antunes
Apontamentos da Semana...

DURANTE ALGUNS DIAS um filme ocupou as primeiras páginas dos jornais e televisões, Costa contra Costa. Falamos do lançamento de um livro, O Governador, que recolhe os segredos do ex-governador do Banco de Portugal ditados a Luís Rosa, jornalista do Observador e que pretendia ser também um libelo contra António Costa, a quem acusa de ter feito pressão a favor de Isabel dos Santos, acusação grave por ser uma tentativa de quebrar a independência do banco central. Não se pode tratar mal a filha do Presidente de um país amigo de Portugal teria dito o Primeiro Ministro. O lançamento do livro, apresentado por Marques Mendes, constitui um happening para toda a direita, com a presença em peso de quase todo o governo de Passos Coelho e o inevitável Cavaco Silva. Toda não, porque muito boa gente, mesmo não sendo propriamente admirador da linha governativa do PS, como é António Lobo Xavier, que esteve presente e vivenciou o período turbulento da banca em 2016, logo nos primeiros tempos da governação socialista, de que resultou a resolução do Banif e o afastamento de Isabel dos Santos da administração do BIC. Mesmo políticos da área política da oposição, vieram denunciar incongruências e falhas na liderança à época do Banco de Portugal. E neste livro-denúncia, Carlos Costa parece ter recuperado a memória de que tanta falta demonstrou, quando ouvido no Parlamento, nas comissões de inquérito ao Banif e ao Novo Banco. Tudo isto a acontecer, num período em que o País ainda não se tinha refeito do choque da queda, com estrondo, do grupo BES e onde o papel de Carlos Costa não foi particularmente feliz. O livro vende como pão quente nas livrarias e nos hipermercados, mas depois dos primeiros efeitos de choque, parece ter adormecido. Afinal, talvez se possa dizer sem medo de errar, que é natural e desejável que o Primeiro Ministro troque ideias com o governador do Banco de Portugal, que tem obviamente completa autonomia e deverá ter força de caráter suficiente para enfrentar qualquer tentativa de intromissão na sua esfera de competências. No fim, temos um Costa a contar segredos decorrentes de uma normal relação institucional do mais alto nível e que tantos anos passados, parece só agora o estarem a incomodar. E temos outro Costa a ameaçar com processo judicial para lavagem da sua honra. Uma guerra que depois dos fogachos do momento e do cheiro a pólvora seca, aposto, não passará muito para além do natal. (O livro, volumoso, terá muitos outros conteúdos. Mas desses ainda não ouvi ou li qualquer comentário...)

07/12/2022
 

Em Agenda

 
07/03 a 31/05
Memórias e Vivências do SentirMuseu Municipal de Penamacor
12/04 a 24/05
Florestas entre TraçosGaleria Castra Leuca Arte Contemporânea, Castelo Branco
14/04 a 31/05
Profissões de todos os temposJunta de Freguesia de Oleiros Amieira

Gala Troféu Gazeta Atletismo 2023

Castelo Branco nos Açores

Video