Edição nº 1779 - 8 de fevereiro de 2023

Antonieta Garcia
PUTIN NO PAÍS DE GELO

Vive num palácio de vilania rodeado de robôs vazios, dominados, submissos, gratos até às vísceras, falsos, cruéis. Dobram-se à sua passagem e presença.
Putin, em pleno século XXI, ainda digere de papo cheio a paixão por logros, desordens e ilusões medievais. Na verdade, a questão que o inquietava desde menino era descobrir a fórmula para ser rico e ter sempre mais poder. Se rico significava ter terras, projetou: “acerto o relógio pelas horas do Sol, atraso o tempo e compro, invado, roubo... o que estiver à mão de semear...”
Desafiava: “O mundo vai deter-se para admirar o que eu sou capaz de executar.” Quem não estiver de acordo comigo, experimentará ódio maior e uma cólera superior de pecados capitais.... Loucuras?
Ora, neste mesmo país, vivia uma Menina que ainda não conhecera armas; na sua terra, brincava em todo o lado e a qualquer hora com os companheiros; era o seu país das maravilhas.
Um dia, porém, no caminho que levava para casa, distraiu-se e zás: à sua frente abriu-se uma caverna enorme; escorregou para o abismo a toda a velocidade. Entrara noutro mundo. Abriu os olhos. Assustou-se! Seres estranhíssimos (humanos não eram!) construíam um território onde o Medo, figura de mil e uma caras, mandava divertidíssimo com os conflitos que estalavam em todo o lado. Torturavam, matavam... A Menina fugia, escondia-se, tremia como varas verdes com as sirenes e bombas, tapava os ouvidos que troavam...
Percebeu que os Juízes não sabiam o que era a Justiça, viu que os Magistrados eram malfeitores... e todos deviam cumprir os desejos amaldiçoados de Putin... O lugar para onde a Menina derrapou foi uma descida aos infernos....
Putin, embusteiro e arrogante, guerreiro com guarda-costas a multiplicar por 300, diz e desdiz, ordena que se trucidem civis, se assassinem crianças.... Obedece a maioria; quem diverge, tem o veredito traçado.
Afinal, a Menina caíra no palácio dos Loucos. Alguns habitantes querem protegê-la. E, como acontece em Alice do país das maravilhas, até uma Lagarta, meia bruxa, lhe oferece um cogumelo que a faz crescer ou diminuir de um momento para o outro. Que é do cantor, misterioso e resistente, para indicar o caminho para a libertação daquele covil de guerra? Vale o rouxinol que, à noitinha, encanta com enigmas e poemas de fraternidade as palavras que aprendeu para sobreviver. Muitos habitantes sãos endoidam, inventam fugas, refugiam-se em casas arruinadas, procuram poetas para serem livres. As notícias correm. Que pavor! Putin é filho que desfruta e disputa cenas onde perora o pavor. Quem tem coragem para desobedecer aos chefes? Quem ousa rejeitar ordens, contestar e não satisfazer os caprichos do tirano maior? Putin é o Mal.
A Menina nem acredita no que vê. Como sair do poço infernal? Um dia, desesperada, encontra uma portinha que dá acesso a um jardim; não consegue entrar porque cresceu muito com a poção que a Lagarta, meia bruxa, lhe dera a beber. Benditos os olhos que poisam em cima da mesa; um frasco de vidro transparente continha um rótulo onde se lia: “Bebe-me”. Obedeceu. Bebeu. Começou a encolher. Ficou tão pequenina....
À direita, na mesma mesa, um bolo pedia: “Come-me”. Cresceu, cresceu, cresceu.... mais e mais... A Menina chama os companheiros. Libertam-se... Quando chegam à terra mãe, não a reconhecem; a destruição apoderara-se das cidades, dos cantos e recantos de memórias.... Choram todas as lágrimas!
Estão tão sozinhos! Putin mente, humilha, usa armas de um jogo de crueldade que o descrédito comanda; Putin e sequazes destroem hospitais, escolas, casas.... A Menina, a Maria da Paz porque a deseja, é chamada para julgamento. Que Medo! Finalmente, clama. Onde estou?
Putin expulsa do tribunal Maria da Paz. Quando ouve a acusação, ainda mede mais de três quilómetros de altura, coragem e valentia.
Acusa Putin e apaniguados; aprendeu que todos eles serão, não tarda, um mero baralho de cartas que um dia há de cair... Maria da Paz é a voz solidária, autêntica, humana. Quem acorda os conformados deste pesadelo? Como é, Fernando Lopes Graça? “Acordai / Homens que dormis/ A embalar a dor/ Dos silêncios vis/ Vinde no clamor/ Das almas viris / Arrancar a flor/ Que dorme na raiz... Acordai...”

08/02/2023
 

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