NO DIA 21 DE MARÇO
Dia da Poesia com Eugénio de Andrade na Biblioteca do Fundão
“Minha mãe disse-me que eu nasci na casa do Adro, e só um pouco mais tarde, quando a família a abandonou de todo, nos mudámos para a casa da Eira. Ambas eram casas pequenas, térreas, com duas divisões, mais que suficientes para mãe e filho viverem. Ainda há poucos anos vi essas casitas onde eu e a mãe começámos a ser um do outro” confissão de Eugénio de Andrade no livro Os Amantes sem Dinheiro, de 1950, onde, entre muitos outros poemas que ficaram na memória dos leitores, está o Poema à Mãe e Canção para minha mãe que a Alma Azul vai recordar na Biblioteca Municipal do Fundão, no próximo dia 21 de março, Dia Mundial da Poesia.
Mas será vasto o encontro com os poemas e a biografia de Eugénio de Andrade, desde o seu nascimento em Póvoa de Atalaia, aldeia do Concelho do Fundão, até Coimbra, onde viveu com a mãe, em 1943, depois da passagem de ambos por Castelo Branco e Lisboa.
As Mães, texto poético maior na obra de Eugénio de Andrade, universaliza a figura da mãe e das mulheres de preto (eternas viúvas de maridos e filhos) e atribui-lhe o princípio da humanidade: “provavelmente estão aí desde a primeira estrela. E como duram! Feitas de urze ressequida, parecem imortais. Se o não forem, são pelo menos incorruptíveis, como se participassem da natureza do fogo”.
Serão estes os materiais para uma aproximação à vida e obra de Eugénio de Andrade, a trabalhar pela Alma Azul no dia em que se celebra a Poesia em várias geografias, e com o centenário do nascimento de Eugénio de Andrade, patrono da Biblioteca Municipal do Fundão, nome maior da Poesia em Língua Portuguesa, a ecoar na sala com a mensagem que nos deixou no seu último livro, Os Sulcos da Sede, e que no primeiro poema Ver Claro regista: “Toda a poesia é luminosa, até/ a mais obscura./ O leitor é que tem às vezes/ em lugar de sol, nevoeiro dentro de si./ E o nevoeiro nunca deixa ver claro”… escreve em jeito de aviso Eugénio de Andrade, em 2001, ano em que lhe é atribuído o Prémio Camões, o maior e mais prestigiado prémio literário da Língua Portuguesa.
No Dia Mundial da Poesia 2023, em duas sessões, uma de manhã e outra ao início da tarde, a Alma Azul, numa parceria com a Câmara do Fundão, dinamizará leituras de poemas e o Encontro com as Memórias de Eugénio de Andrade, o poeta que se mantém, desde 1999, presente no trabalho de mediação de leitura da produtora de atividades literárias, com sede em Alcains.