João Carlos Antunes
Apontamentos da Semana...
HOJE É DIA 13 DE DEZEMBRO e não é nada agradável antecipar o cansaço que se vai apoderar de muitos Portugueses, pela campanha eleitoral que até já começou e que se vai prolongar por três longos e penosos meses, de ataques mútuos, promessas fátuas e fraco esclarecimento. Use-se ou não o chavão é a democracia a funcionar, eleições antecipadas seria coisa que os Portugueses não queriam agora, pelo menos a acreditar nas sondagens. Mas foi esta a opção escolhida pelo presidente, mesmo contra a opinião da maioria dos membros do Conselho de Estado, e agora há que levar a cruz até ao calvário. É legítimo pensar que quem tomou a decisão considerava importante ouvir os Portugueses sobre o momento político que se vive e estarem reunidas as condições de existência de alternativa de poder.
Uma hipótese que não é certa, porque apesar de todo o bruá bruá da Comunicação Social bem recheada de comentadores e especialistas nada simpáticos para com o Governo, apesar das investigações da justiça que afetam figuras próximas do Primeiro Ministro, e suspeitas sobre o próprio. Apesar tudo isto, que fazia antecipar uma hecatombe na popularidade e credibilidade do Governo, o que vemos são os estudos de opinião que mostram um Luís Montenegro a não conseguir aproveitar a seu favor a crise política que deixou o PS no olho do furacão, o mesmo não se podendo dizer de André Ventura. O que vemos são os estudos de opinião mostrar que apesar de tudo, seja qual for o líder socialista a eleger no próximo fim de semana, o PS continua a liderar as preferências dos eleitores. Mesmo que seja por pouco, um empate técnico, mesmo assim, a consolidar-se esta tendência, será um desastre para o PSD. Falta saber se o atual empenho de Cavaco Silva na campanha chega para dar o impulso para uma vitória robusta dos social democratas. Tenho dúvidas se nos tempos atuais, Cavaco consegue atrair eleitores fora dos fiéis do seu partido. Já seria bom que fizesse regressar parte significativa dos que perdeu para o Chega.
Até março, muita coisa vai acontecer que poderá fazer tombar os eleitores, ainda indecisos, para um dos dois partidos do centro político. O decorrer das investigações pode até lá ilibar António Costa de qualquer suspeita e, continuando ele como um dos políticos mais populares, será visto então como vítima da incompetência ou coisa pior do Ministério Público. Não se prevendo uma maioria absoluta seja de quem for, apesar das juras de Luís Montenegro, não é absolutamente descartável que venha a recorrer ao Chega para governar. E essa hipótese, que se adivinha como bastante possível, não é mesmo nada do gosto do eleitorado mais moderado. Em conclusão, a mais certa das hipóteses de futuro apontam para uma instabilidade que não existia antes da dissolução da Assembleia da República. Se isso acontecer, a imagem e a popularidade de Marcelo Rebelo de Sousa, já a sofrer danos pelo caso das gémeas, poderão ser afetadas.