Edição nº 1828 - 24 de janeiro de 2024

João Carlos Antunes
Apontamentos da Semana...

O PROBLEMA DA IMIGRAÇÃO tem sido tema central nos debates políticos de quase toda a Europa e Portugal não é exceção. Por variadas razões, milhões de pessoas procuram refúgio na Europa. Para fugir da fome e da miséria, para escapar à perseguição política de regimes autoritários, para fugir da guerra. Alguns veem estes imigrantes como pessoas fragilizadas que trabalham em condições extremas, que poucos, muito poucos portugueses aceitariam. Veja-se o trabalho sazonal na agricultura intensiva no Alentejo, repare-se em quem trata da limpeza das faixas laterais das estradas nacionais da nossa região. São pessoas que logo que possível tentam reunir a família porque encontraram aqui, apesar de tudo, a paz e segurança que não existe nos seus países de origem. E estando a grande maioria em idade fértil, acabam por aqui fazer crescer a família, contribuindo para o rejuvenescimento de um País que é dos mais envelhecidos da Europa. São pessoas que querem trabalhar e que são contribuintes líquidos para a Segurança Social, melhorando a sua sustentabilidade.
Alguns acreditam que é desumano que tenham as condições de trabalho e de habitação, com que regularmente somos confrontados em reportagens na comunicação social. Nada que muitos portugueses, também eles enquanto imigrantes, não tenham já vivenciado. Mas este problema da imigração, em Portugal não tem o peso sentido em países como a Grécia, Itália, França, Reino Unido ou Alemanha, para falar só da Europa.
Por isso, só uma fúria populista da gente da extrema direita justifica que esteja na agenda mediática. A estratégia é a de espalhar o medo. Não se chega ao ponto de Trump que clama eles estarem a envenenar o sangue americano, mas acena-se com o emprego roubado aos portugueses, com a mentira dos milhões em benefícios suportados pela Segurança Social, com o fantasioso aumento da violência nas ruas e a violação de mulheres, com a falácia de virem para beneficiar da gratuitidade da SNS, que afinal para os imigrantes até não é tão má como a pintam. Sem esquecer a teoria racista da substituição, “vão continuar a dizer que devíamos deixar entrar toda a gente, sem controlo e sem critérios, mesmo sabendo que levaria a prazo a uma substituição populacional que nunca podermos aceitar na nossa Europa”.
Se a exploração do medo que o eleitor anónimo manifesta pelo que lhe é estranho, recorrendo a todo o tipo de mentiras, não é populismo, o que será populismo? E o que é inacreditável, é isto acontecer num país que está na cauda da Europa, na percentagem de imigrantes em relação à população (7,6 por cento). O que é inacreditável, é isto acontecer num País que desde há mais de cem anos, tem como caraterística ser um povo de emigração. Esquecendo que antes dos brasileiros (a maior comunidade de imigrantes) nos procurarem, já nós tentávamos melhorar a vida no Brasil, de onde tantos regressaram com riqueza suficiente para abrir negócios e construir mansões de fazer abrir a boca de espanto aos que por cá ficaram em vil tristeza de miséria. E sem esquecer que alguns inspiraram escritores. Brasil, Argentina, Estados Unidos, França…. Uma diáspora que esta gente parece querer esquecer, diabolizando os outros imigrantes de hoje.

24/01/2024
 

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