João Belém
DEVEMOS TER MEDO DA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL (I.A.)?
O ser humano deveria questionar menos a ética da inteligência artificial e questionar mais a ética do ser humano
Juliano Kimura
O medo é uma emoção natural a que recorremos quando nos sentimos em perigo, ou pensamos que poderemos estar.
Tem um grande valor para a nossa sobrevivência, já que nos põe alerta - ainda que por vezes nos possa bloquear - e nos prepara para atuar, seja escapando ou enfrentando a cauda dele.
Devemos ter medo da Inteligência Artificial (I.A.)?
Há quem diga que o sente e é também evidente que há quem nos queira convencer dele.
O medo e a perceção do risco a respeito da I.A. é algo muito pessoal.
O medo da Inteligência Artificial (I.A.) é compreensível, pois há riscos associados ao seu desenvolvimento e implementação. No entanto, é importante abordar a questão de maneira equilibrada. A I.A. tem o potencial de trazer muitos benefícios significativos para a sociedade, desde avanços na saúde e ciência até melhorias na eficiência dos mais variados setores.
Em vez de ter um medo irracional, é mais produtivo focarmo-nos em entender e mitigar os riscos associados à IA. Isso inclui a implementação de regulamentações éticas, transparência nos algoritmos, considerações sobre privacidade e ações para minimizar possíveis tendências nos sistemas de I.A.
Além disso, a consciencialização e a educação sobre a I.A. são essenciais. Compreender como a IA funciona e os limites da tecnologia pode ajudar a dissipar o medo infundado. A colaboração entre pesquisadores, investigadores, reguladores e a sociedade em geral é crucial para garantir que a IA seja usada de maneira ética e responsável.
A discriminação e as preocupações com a privacidade são algumas das grandes preocupações relacionadas com a Inteligência Artificial (I.A.).
Analisemos de forma mais detalhada estas apreensões:
1. Discriminação: Muitos sistemas de I.A. são treinados usando conjuntos de dados históricos, que podem refletir e, por vezes, amplificar preconceitos existentes na sociedade. Isso pode resultar em algoritmos que tomam decisões discriminatórias, afetando grupos específicos de pessoas de maneira desigual. Por exemplo, algoritmos de recrutamento podem inadvertidamente favorecer candidatos com certas competências em detrimento de outros.
2. Privacidade: A recolha e processamento massivos de dados necessários para treinar modelos de I.A. podem levantar sérias preocupações sobre a privacidade. À medida que a I.A. é cada vez mais incorporada em diversos aspetos da vida cotidiana, desde assistentes virtuais até sistemas de vigilância, há riscos de violação da privacidade individual se as informações pessoais não forem devidamente protegidas.
Estas preocupações não são exclusivas, e há outras questões éticas e sociais associadas à I.A., como desafios de segurança, desigualdades socioeconómicas decorrentes do desemprego tecnológico, questões sobre responsabilidade ética em decisões autónomas de I.A., entre outros.
Para abordar estas preocupações, é fundamental desenvolver e adotar práticas éticas, promover a transparência na criação de algoritmos, implementar regulamentações apropriadas para proteger a privacidade e garantir uma participação diversificada e inclusiva na conceção e implementação de sistemas de I.A.
Estas medidas visam assegurar que a I.A. seja desenvolvida e usada de maneira justa, ética e equitativa.