Edição nº 1852 - 10 de julho de 2024

João Carlos Antunes
Apontamentos da Semana...

NO ESPAÇO DE POUCOS DIAS, foram a votos dois dos mais influentes países europeus, Inglaterra e França. Se na Inglaterra os resultados da eleição eram por demais previsíveis, e confirmaram as indicações que já há muito tempo as sondagens apontavam, na França a vitória da esquerda coligada na Nova Frente Popular surpreendeu muita gente, em particular aqueles que já se anteviam a governar. A extrema direita de Le Pen, vencedora na 1ª volta, estava de tal modo otimista que se atrevia mesmo a pedir ao eleitorado uma maioria absoluta. Estas eleições mostraram que a direita mais radical e populista pode continuar a crescer mas que não é imbatível. Em Portugal, os resultados do Chega nas Europeias só confirma aquilo que já se sabia. Que é um partido de um homem só, sem Ventura vale um chavo, sem quadros, com dois ideólogos e alguns especialistas em Tik Tok. Na Inglaterra, o grande culpado do Brexit, o populista e mentiroso Nigel Farage, aumentou a presença na Câmara dos Comuns, subiu de um para cinco deputados. Num total de 650 lugares, foi caso para o seu amigo Trump o ter calorosamente felicitado pela retumbante vitória dos cinco lugares conquistados, sem uma única palavra para o verdadeiro vencedor, Keir Starmer, líder do Partido Trabalhista, que teve uma vitória histórica sobre os Conservadores.
Em França, tivemos algo que à primeira vista parecia impossível de acontecer. Que em oito dias vários partidos se coligassem e apresentassem um programa de governo. Um sobressalto de cidadania que atravessou boa parte do eleitorado francês e que os partidos de esquerda souberam interpretar de forma responsável, sem esquecer o papel do partido centrista do presidente Emmanuel Macron, na construção da barreira à ascensão da União Nacional de Marine Le Pen ao poder. Uma estratégia bem concertada e que veio ao encontro da vontade dos franceses. Só assim se justifica que tenham remetido Le Pen para um terceiro lugar, um resultado com cheiro bem forte a derrota.
Votos contados e lugares distribuídos, as perspetivas políticas de governação em Inglaterra e França não tem nada de semelhante entre si. Se a larga maioria absoluta vai permitir a Keir Starmer, político sensato e posicionado ao centro, uma governação sem sobressaltos, o mesmo poderá não acontecer em França. Mas espera-se que o espírito de amor à democracia que levou à derrota da extrema direita, se mantenha agora na constituição de um governo estável, sem o radicalismo de algumas figuras do La France Insoumise e capaz de dar resposta aos anseios dos franceses na resolução dos seus problemas económicos e sociais, uma política humanista sem marginalizar ninguém, incluindo os imigrantes. O pior que poderia acontecer à Europa neste momento, seria termos uma França ingovernável. Além de que isso seria alimento para fazer crescer as forças políticas que agora foram travadas.

10/07/2024
 

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