Edição nº 1856 - 7 de agosto de 2024

João Carlos Antunes
Apontamentos da Semana...

EM CONVERSA DE CAFÉ, apontava-me ontem um amigo estar eu obcecado por Trump e pelas eleições na América, que vão acontecer em novembro. Não sei se ter consciência das possíveis consequências que sofreremos se Trump porventura ganhar, é ser obcecado, não sei. Mas sei que deve preocupar qualquer democrata. Há literatura de sociólogos americanos que são produto de uma reflexão sobre algo que a mim me intriga desde há muito tempo. O que levará metade da América a seguir de uma forma acrítica uma personagem desqualificada como aquela? Serão aqueles que se sentem abandonados pelas elites políticas de Washington? Os eleitores das cinturas industriais que sofreram a perda de emprego e rendimentos pela globalização? Os que, influenciados pela propaganda baseada em mentiras, vêm os imigrantes como o inimigo que lhes vem tirar o emprego, trazer a droga e violar as filhas e todas as malvadezas deste mundo? Estas são algumas das bandeiras de Trump. Qualquer populista, em qualquer parte do Mundo, utiliza a estratégia semelhante, MAGA (Make America Great Again) e America First... Veja-se o inglês Nigel Farage, populista da direita radical que com a mesma estratégia e promessa de reconstrução do império britânico (pelo menos império económico) conseguiu que o Brexit vencesse. Com as mentiras e as consequências que os ingleses agora conhecem.
Mas Trump é muito mais que um simples populista. É um mentiroso compulsivo, vingativo, misógino, racista, sem um pingo de compaixão e anti democrático. Sem aparentes reações, mesmo da parte mais moderada e sensata, do Partido Republicano, dá-se ao desplante de pedir o voto aos cristãos, assegurando-lhes que se o apoiarem não terão que voltar às urnas: “Vamos resolver isso tão bem que vocês não terão de votar novamente”… A sonhar-se autocrata, eternizando-se no poder como os seus amigos lideres da Rússia, China e Coreia do Norte. A coleção de dislates é tão grande que daria para várias semanas de escrita. Como a de que com ele na Casa Branca, faz dois telefonemas e acabam-se as guerras na Ucrânia e em Gaza. A todos aqueles seus predicados que já enumerei, podemos juntar o da megalomania. Difícil é arranjar-lhe um predicado positivo. Mas isso até pode ser defeito meu, reconheço.
E estava tudo a correr-lhe tão bem… até aquela história da tentativa de assassínio lhe caiu que nem ginjas, tão galvanizante foi que pôs os congressistas republicanos de penso na orelha como forma de mimetizar o momento. Estava tudo a correr tão bem que escolheu J. D. Vance para a vice presidência, um republicano que é a sua imitação no radicalismo e nos predicados. Mas sabe-se que as imitações são sempre pior que o original… e será isso que preocupa hoje muitos republicanos. Que consideram mesmo Vance um ativo tóxico na campanha presidencial. Porque já não vão enfrentar o Sleepy Joe, mas uma muito vivaça Kamala Harris, assertiva e empática, que num só dia espalhou entusiasmo tal que recolheu um valor recorde de donativos e viu muitos milhares de jovens a oferecerem-se para fazer a campanha porta a porta. As sondagens dispararam a favor de Kamala, mesmo nos chamados swing states, os estados que tanto podem votar num como no outro partido e que são os que decidem as eleições na América… Abriu-se uma porta de esperança para a democracia na América e também para as democracias liberais no Mundo.

07/08/2024
 

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