Edição nº 1857 - 14 de agosto de 2024

João Carlos Antunes
Apontamentos da Semana...

SÓ EXISTE AQUILO QUE APARECE NAS NOTÍCIAS da televisão. Só acontece de forma percecionada pelo comum dos cidadãos. No tempo do anterior governo, durante meses, a abertura dos telejornais era invariavelmente sobre “o caos” no Serviço Nacional de Saúde (SNS), uma visão apocalítica do sistema que não tem correspondência à experiência quotidiana da maioria dos cidadãos. E sempre com os repórteres a pôr o microfone à frente de quem tinham muitas queixas sobre os serviços. Os mesmos repórteres que fugiam de quem eventualmente pudesse dizer bem da forma como foi atendido. Sobre isto, não tenho qualquer teoria da conspiração. Era mais uma forma de ganhar audiências porque o espetador adora partilhar insatisfações e frustrações alheias. Com o novo governo em funções, os casos do SNS deixaram ser abertura dos telejornais. E os portugueses pareciam acreditar que as coisas até estavam melhores. Mas eis que, num instante, essa perceção se desmorona. Voltaram as aberturas de telejornais com notícias do fecho das urgências de obstetrícia/ginecologia e pediatria, bem pior (se tal fosse possível) que no “caos” do ano anterior. E é assim que temos uma ministra da Saúde fragilizada, mesmo dentro do PSD. Uma ministra que não foi capaz de pacificar um setor tão sensível, fez guerra contra a comissão executiva do SNS, INEM, administrações hospitalares e as demissões a sucederem-se… Muita coisa em muitos lugares ao mesmo tempo. A grande maioria de nós quer é um SNS que funcione de forma a servir bem todos os que a ele recorrem. Independentemente de ter um partido ou outro qualquer como responsável. Porque a saúde não deveria ser campo de luta ideológica, o acesso universal e gratuito é simplesmente um direito que a democracia nos deu. Ana Paula Martins é considerada responsável pelo que está a acontecer, perdeu a confiança de organizações sindicais, e já é considerada ativo tóxico deste governo. Como se diz dos treinadores, há quem aposte que não vai comer as filhoses de Natal no Ministério da Saúde.

AS FÉRIAS. AS FÉRIAS PARA TODOS. As férias a que temos direito. Para as novas gerações as férias são um dado adquirido, sempre terão existido como um direito natural. Mas o direito de quem trabalha a ter férias só foi uma conquista no século XX, com a Organização Internacional do Trabalho a declarar esse direito dos trabalhadores em 1936. Em Portugal, foi vertida em lei no ano seguinte, mas apenas para uma minoria a ter direito a oito dias de descanso. No pós guerra, em grande parte da Europa começa a massificar-se o acesso às férias, ainda que apenas a beneficiar uma nova burguesia urbana. Em Portugal, só depois de 74 este fenómeno da massificação é mais consistente. Hoje não basta ter férias e ficar na sua comunidade a descansar, ainda que as muitas e boas praias fluviais da nossa região sejam já uma excelente alternativa para os residentes. É preciso sair e procurar novos ares e, se possível, a brisa do mar. As férias dos portugueses (nem que seja a crédito) e dos estrangeiros, que buscam o sol, a praia, a gastronomia e a segurança, alimentam uma indústria do lazer, um setor que é o motor da nossa economia. E assim, só posso desejar aos nossos leitores e assinantes boas e retemperadoras férias, na comunidade onde tanta animação acontece por estes dias, no campo ou na praia. Por nós, este espaço de apontamentos estará de regresso no final de setembro.

14/08/2024
 

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