Joaquim Bispo
toda. A Semana
estava outro carro estacionado mesmo em cima da passadeira de peões que dá acesso ao meu prédio. Incomodado, afixei-lhe, a meio do para-brisas, um pequeno autocolante amarelo, que trago sempre comigo, que diz: Estacione bem - Respeite os outros.
Na terça-feira, deparei com o mesmo carro estacionado na passadeira. Indignado, apliquei-lhe, desta vez, um outro pequeno autocolante vermelho, que diz: Mal estacionado - Sujeito a reboque.
Na quarta-feira, o carro estava outra vez na passadeira. Irritado por a minha ação pedagógica não resultar, levantei-lhe os limpa para-brisas.
Na quinta-feira, lá estava o carro na passadeira. Exasperado com tanta falta de respeito pelos outros, coloquei-lhe um palito na válvula do pneu dianteiro direito. O ar ficou a vazar.
Na sexta-feira, o carro estava, uma vez mais, na passadeira. Furibundo, puxei da chave de casa e apliquei um risco profundo a todo o comprimento do carro.
No sábado, o carro já não estava na passadeira, finalmente. «Há pessoas que só entendem a linguagem da violência» - pensei.
No domingo, verifiquei, com horror, que o para-brisas do meu carro, bem estacionado, estava estilhaçado. Uma perna de um tanque de lavar roupa, em cimento, espreitava no lugar do condutor.
Na segunda-feira,
(Continua na primeira linha.)