REGADIO A SUL DA GARDUNHA
Plataforma “congratula-se com o cancelamento”
A Plataforma de Defesa da Albufeira de Santa Águeda/Marateca afirmou, em conferência de Imprensa realizada na passada quinta-feira, 12 de setembro, que “se congratula com o cancelamento do Regadio a Sul da Gardunha, Bloco da Marateca”, recordando que “tem acompanhado os desenvolvimentos relacionados com o Regadio Gardunha Sul – Bloco da Marateca, que abrange os concelhos de Castelo Branco e Fundão, numa área conjunta de dois mil hectares e que previa a captação de água na referida albufeira”.
Para a Plataforma “o cancelamento do Regadio a Sul da Gardunha é uma boa notícia”, mas acrescenta que “a albufeira está assoreada e eutrofizada”, pelo que “vai exigir às autoridades que seja efetuada uma avaliação do assoreamento, uma dragagem de modo a recuperar a capacidade de armazenamento e a qualidade da água, que se encontra eutrofizada devido à contaminação por fósforo, de água residuais, dos lixiviados da agricultura, do gado e das más práticas agrícolas incluindo na faixa de proteção e na faixa reservada”.
A Plataforma adianta que fez “um estudo conservador e estima que o assoreamento atual seja de 45 por cento, com 15,5 hectómetros cúbico, o que reduz de forma muito relevante o volume de água disponível para consumo da população”.
Nesta matéria é mesmo realçado que “a qualidade da água tem vindo a piorar ao longo dos anos”, com a Plataforma a salvaguardar que, “felizmente, a estação de tratamento de água é boa, mas isso tem custos”.
Noutra vertente a Plataforma centra a atenção no “Plano de Ordenamento da Albufeira, que tem de ser revisto”. Isto, porque a Plataforma “entende que o Plano de Ordenamento da Albufeira (POASAP) publicado em 2055 e que devia ter sido revisto em 2015, conforme mencionado no seu artigo 39, deve ser revisto com urgência e alargado, pois a faixa de proteção é minuta e ainda assim, nos últimos 19 anos, não conseguiu proteger devidamente a Albufeira”. Assim, é defendido que “deverá ser elaborado um plano integral que considere toda a bacia que drena para a Albufeira e concretizar, no terreno, a efetiva fiscalização, eliminando as ilegalidades reiteradamente denunciadas pela Plataforma, mas que persistem no terreno”, dando como exemplos “as construções ilegais, a destruição de carvalhais, as vedações ilegais e as ocupações de terrenos públicos, a agricultura intensiva ilegal, as violações do código de boas práticas agrícolas”, entre outras.
O apontar de dedo continua, ao ser referido que “algumas entidades da Plataforma têm recebido denúncias de pequenos agricultores, criadores de gado e outros utilizadores, que a jusante da Albufeira, o Rio Ocreza não tem água em diversos troços, pelo que não estará a ser cumprida a descarga da Albufeira, do caudal ecológico”.
Perante tal é avançado que “a Plataforma irá sensibilizar e alertar, mais uma vez, as autoridades para que fiscalizem esta situação e garantam, que o caudal ecológico é libertado no Rio, de forma a manter as funções básicas ecológicas de suporte ao ecossistema”.
A Plataforma assegura também que “continuará a acompanhar a situação da Albufeira e a pressionar as autoridades para que de futuro, caso seja construída a Barragem do Barbaído, apenas seja permitido regadio a jusante da Albufeira, de modo a prevenir a contaminação da massa de água pelos lixiviados da agricultura intensiva, nomeadamente fertilizantes, pesticidas, herbicidas e o próprio assoreamento”.
António Tavares