Edição nº 1882 - 12 de fevereiro de 2025

João Carlos Antunes
Apontamentos da Semana...

PARA MUITOS ESTA SEMANA, em várias partes do Mundo, faz-se um parênteses nos conflitos e problemas de outra natureza para se celebrar o amor, o namoro. É a antecâmara de um contrato social que quando é assinado, formal ou informalmente, se diz para a vida. Daí a importância de se viver o momento, a descoberta do outro, que ao longo dos séculos foi sendo vivido de formas muito diferentes. Dos casamentos arranjados com base em interesses familiares (e dinásticos) que atravessa o Antiguidade, a Idade Média… e na era Moderna com a ascensão da burguesia a trazer para a relação o afeto mútuo, a possibilidade dos primeiros encontros românticos em espaços públicos sem intermediação familiar direta, até ao século XX, o século da liberdade sexual e as revoluções sociais. É o tempo em que se convive sem separação de sexo, com a mulher conquistar estatuto de cidadã com direitos, deixando a condição de fada do lar. Na escola ou no trabalho, com naturalidade, as relações sociais podem resultar em amizade ou em amor. E com o lazer a ocupar cada vez mais espaço na vida social, criam-se as situações propícias aos relacionamentos frequentando os bailes nos clubes da cidade ou nos salões de baile da aldeia, com intervalo para penitência na quaresma. Estes bailes acabaram e agora uma das suas funções está nas aplicações de encontros, como o Tinder e nas redes sociais que alargaram ao Mundo o espaço de sedução e conquista.
O fenómeno do enamoramento que foi objeto de estudo pelo sociólogo italiano Francesco Alberoni e vertido no livro, Enamoramento e Amor (Bertrand), será o estado nascente de um movimento coletivo a dois, que tanto pode ter um final feliz como, pelo contrário, conduzir a um ponto que fica muito mais além da rutura marcada pelo fim do encantamento.
Citando Inês Meneses (Máquina de Escrever Sentimentos, Contraponto) “o amor é benigno quando é mesmo amor.” E quando o amor não é amor, não é benigno e não tem futuro, pode significar opressão e violência, física e psicológica.
Um problema que já afetou de forma pontual ou continuada tantos jovens e menos jovens: uns espantosos 53 por cento dos estudantes do ensino superior que participaram no Estudo Nacional da Violência no Namoro em Contexto Universitário, relativo a 2020 e 2021, afirmam já ter sido sujeitos a pelo menos um ato de violência no namoro. Refiro este estudo porque haverá ainda a ideia socialmente preconceituosa, de que isto acontece principalmente em meios sociais de menor escolaridade e economicamente desfavorecido.
Quero acreditar que uma educação dos sentimentos, na Família e na Escola, pode ajudar a que o namoro seja bem mais que a celebração do Dia dos Namorados, uma invenção comercial para encher restaurantes e fazer vender muita coisa, joias, chocolates e flores em particular. Importante é que seja um sentimento, mesmo que passageiro, que nos traga felicidade, vivida no momento ou para a vida.
E é assim que deve ser visto. Como uma componente da essência humana, vivida no momento e sem drama (o que não invalida a presença da tristeza). Termino com as palavras de Inês Meneses, “o amor acaba quando vem para jantar e não foi convidado. Talvez o amor acabe quando as palavras já não nos encontram.” Divirtam-se, amando-se, aos outros e a si mesmo.

12/02/2025
 

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