Edição nº 1864 - 9 de outubro de 2024

João Carlos Antunes
Apontamentos da Semana...

A SILLY SEASON É AQUELE PERÍODO do ano em que, não havendo muitas notícias, os media ocupam-se de assuntos a que geralmente não seriam objeto de notícia. Porque os atores políticos entram de férias e porque se considera que a generalidade dos cidadãos se estão borrifando para os problemas do Universo, agora mais preocupados com o tempo que faz e a temperatura da água na praia onde abancaram, com a forma de ocupar as crianças minimizando as interferências no sossego dos adultos, com a qualidade e o preço das Bolas de Berlim e com as leituras de jornais desportivos que dentro do espírito da época descobrem diariamente mirabolantes negócios de transferências ou inventam novos craques que alimentam os cíclicos otimismos com que se embrulha a nova época da equipa do coração do seu leitor.
Para além dos incêndios, dramáticos mas rapidamente esquecidos até à próxima época, da fuga de Vale de Judeus e do assomo de valentia de Nuno Melo no Olivença é nossa!, este ano a tal estação parva, foi animada pela novela mexicana do Orçamento do Estado para 2025. Tentou-se dramatizar, com o presidente Marcelo a dar uma mãozinha no argumento, o Chega no papel do enjeitado e Montenegro com Pedro Nuno nos papéis principais. O argumento da novela era fraquinho, porque desde cedo se percebeu que o suspense era um tanto forçado e que os dois protagonistas estavam condenados a entenderem-se. Apesar do esforço dos media e dos comentadores encartados, creio que poucos, muito poucos, Portugueses tomaram a sério as ameaças de novas eleições. A habilidade do enredo estará no processo de decisão, que evite que na aprovação do Orçamento, nenhum seja visto pelos cidadãos como perdedor ou vencedor claro.
Rodrigo Guedes de Carvalho aborda no seu espaço semanal do Expresso, um assunto que também já foi por nós aqui tratado. O ponto de partido era o do miúdo que quando fosse grande queria ser reformado. Porque não lhe apetecia passar pelo penoso período de ter de estudar e trabalhar, inspirado nos influencers e youtubers que ganham milhões sem apresentar habilitações. E a sonhar com os excêntricos de um dia para o outro do Euromilhões, promovido em publicidade pela Santa Casa da Misericórdia (SCM). São excentricidades que a publicidade promove apelando aos desejos mais básicos, preguiçosos e egocêntricos do público-alvo. Comprar uma ilha ou um carro de fórmula 1 para fazer uma estonteante ultrapassagem (sem limite de velocidade) a um trator que um pobre qualquer utiliza para trabalhar… É o sonho que os publicitários acreditam ser da maioria dos jogadores do Euromilhões. Ajudar, com a fortuna conquistada de um dia para o outro, a investigação médica, ou a resolver os problemas da sua comunidade, desde estruturas de apoio à terceira idade com custos justos para qualquer qualquer idoso, à pobreza alimentar, aos sem abrigo ou às vítimas de violência doméstica… Isto sim, seriam excentricidades que também poderiam ser estimuladas no anúncio da SCM. O pivot da SIC e escritor, aponta o dedo aos publicitários. Mas eles não fazem mais que vender o produto utilizando as melhores técnicas publicitárias. Cabe ao cliente, nesta caso a SCM, aceitar ou recusar a proposta da agência.

09/10/2024
 

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