Edição nº 1881 - 5 de fevereiro de 2025

João Carlos Antunes
Apontamentos da Semana...

A OXFORD UNIVERSITY PRESS elegeu no final de 2024, brain rot como palavra do ano. Em tradução literal seria em português, podridão cerebral. Uma expressão que identifica a deterioração do estado mental de quem consome conteúdo vulgar e desinteressante nas redes sociais. Um consumo que segundo a editora, terá aumentado 230 por cento só em 2024. Um problema que afeta particularmente o desenvolvimento intelectual das faixas mais jovens da população inglesa e mundial e justifica-se que, entre seis palavras que segundo os linguistas refletem “os estados de espírito e conversas que ajudaram a moldar o ano passado”, tenha sido esta expressão a escolhida em votação pública por mais de 37 mil pessoas. Será resultado da podridão cerebral (a brain rot) aquilo que vimos na cena de violência, numa escola da Moita, com um aluno a agredir brutalmente um colega mais jovem, franzino e autista, perante a passividade, sem pinga de compaixão e solidariedade, de dez colegas que gravaram a cena para publicar nas redes sociais, muito provavelmente no TikTok, mais preocupados com os likes que iriam conseguir.
O espírito da iniciativa da Oxford University Press é replicado em Portugal pela Porto Editora e a Infopédia desde 2009. Em 2024, entre outras propostas à votação, foi a eleita a palavra liberdade. Segunda a editora, foram selecionadas as palavras que mais estiveram presentes nas notícias e usadas pela população portuguesas durante o ano. A escolha tem lógica e justificação pelas comemorações dos 50 anos da Revolução dos Cravos que nos trouxe a liberdade. Como o tiveram as escolhidas em anos anteriores: “professor” (2023), “guerra” (2022), “vacina” (2021), “saudade” (2020), “violência doméstica” (2019), “enfermeiro” (2018), “incêndios” (2017), “geringonça” (2016) ou “refugiado” (2015) fizeram todo o sentido.
Mas creio que a votação de liberdade, como palavra do ano, terá sido um voto militante. A uma distância de 50 anos, as novas gerações vêm a liberdade já como um dado adquirido, não conquistado. Para outros, como aqueles alunos da escola da Moita, será a liberdade de publicar nas redes aquilo que lhes apeteça, sem pensar em consequências e responsabilidade? É a liberdade de expressão, sem regras nem controle, mesmo no limite da desinformação, que os oligarcas das tecnologias defendem.
Na lista das palavras postas a votação, faltou aquela que em 2024 mais foi ouvida: perceção. Tem-se vivido em ambiente mediático de perceção. Em particular a perceção de insegurança. Vemos o governo a tomar medidas com base na perceção, vemos o presidente da câmara de Lisboa irritado porque os dados reais (e oficiais), que mostram a criminalidade geral em Lisboa a diminuir, incluindo nos crimes violentos, não encaixam na sua perceção de uma cidade de criminosos a assaltarem na rua com a arma apontada à cabeça do cidadão, onde as violações são frequentes… Não entendemos como o autarca, com as suas, múltiplas e públicas, anunciadas perceções de violência em Lisboa que está completamente desalinhada com os dados reais, vai conseguir manter a imagem de Lisboa como um destino seguro para o turismo, capital de um País considerado como um dos mais seguros do Mundo. Azar para os populistas.

05/02/2025
 

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