Edição nº 1891 - 16 de abril de 2025

Lopes Marcelo
UM NOVO MUSEU

Se é verdade que Lisboa tem sido a grande foz onde desaguam e se concentram em exagero recursos e pessoas, onde normalmente tudo acontece; também é verdade que parte significativa dos recursos e das pessoas são provenientes de regiões periféricas, como tem sido o caso da nossa Beira Baixa, com muitas e notáveis personalidades em vários domínios da vida do País.
Hoje refiro-me a mais um exemplo que se destaca no panorama cultural, na área do coleccionismo de obras de arte, pela recente criação de um novo Museu que tendo sido notícia de relevo recente nos grandes meios de comunicação social, não teve ainda eco na imprensa regional. Trata-se de um beirão com sucesso na sua vida profissional e do ponto de vista económico, natural de Aldeia do Bispo, concelho de Penamacor. Nunca se desligou da sua terra natal considerando-a como a sua pátria dos afectos, de valores e de referências que o marcaram indelevelmente para toda a vida. Nasceu em 1949 num ambiente rural cheio de limitações, com a escola primária a vários quilómetros que percorria diariamente a pé. Na sua família foi entendida a instrução como meio de valorização e de se livrarem os filhos do pó do campo, como se dizia na altura.
O jovem Armando Martins, concluído o ensino primário, prosseguiu o ensino secundário no bem próximo Colégio de Medelim, com os exames a serem feitos no Liceu de Castelo Branco. Na ânsia de valorização seguiu para o Instituto Superior Técnico, onde se formou em engenharia de equipamentos e manutenção. Logo no início da sua vida profissional, com o primeiro vencimento, adquiriu o primeiro quadro. Progressivamente, correspondendo a um forte impulso de coleccionador, não mais parou de adquirir quadros originais na vertente da arte moderna. Assim, cada vez mais conhecedor e amante da pintura, a sua colecção particular foi-se diversificando e aumentando atingindo várias centenas de quadros originais, com destaque para os mais consagrados artistas portugueses do século passado.
Em coerência com as primeiras pegadas e as raízes solidárias do seu meio rural, mantendo ao longo da sua vida uma grande disponibilidade para o diálogo e a partilha, na última década assumiu o projecto de construir um museu onde pudesse expôr os quadros da sua colecção, num mosaico notável de diálogo cultural com muitas outras obras de grande relevância no mundo global da arte moderna.
O Palácio Conde da Ribeira Grande, na Junqueira junto ao Tejo a caminho de Belém, onde funcionou o Liceu feminino Rainha Dona Amélia, há várias décadas abandonado e degradado, foi a base ideal para o seu grande projecto de recuperação e adaptação com recursos próprios, para a instalação do MUSEU DE ARTE MODERNA ARMANDO MARTINS – MAMAM. A inauguração ocorreu no passado mês de Março abrangendo as galerias da sua colecção, as galerias de exposições temporárias, a casa das colecções particulares e o serviço educativo para os jovens das escolas. Trata-se de uma dinâmica plataforma cultural que disponibiliza ao público a oportunidade de apreciar um acervo extraordinário de arte moderna e corresponde a mais uma significativa pegada cultural coerente de um beirão solidário que muito honra e dignifica as suas origens na nossa região.

16/04/2025
 

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