João Carlos Antunes
Apontamentos da Semana...
MUITO RECENTEMENTE, o Conselho de Ministro aprovou a proibição do uso de smartphones no espaço escolar, aos alunos dos primeiro e segundo ciclos de escolaridade. Uma medida apoiada pela maioria dos cidadãos e que vai ao encontro das políticas de controle de acesso aos ecrãs e redes, seguidas em vários países da Comunidade Europeia, com a França e a Itália, a apostarem na proibição alargada até aos 15 anos. Os Países Baixos implementaram há um ano a proibição de telemóveis e outros dispositivos digitais, mesmo no ensino secundário, com exceções específicas para fins educativos ou médicos. E a Finlândia, que é elogiada pela qualidade do ensino, complementa a restrição na utilização dos telemóveis, com a reintrodução de materiais tradicionais, como livros, papel e lápis, com base em estudos que apontam para menor distração e melhor aprendizagem.
Claro que a proibição, seja do que for, não resolve o problema. É só a resposta possível, e a mais fácil, ao problema. E há pedagogos que alertam para o risco de, desta forma, termos uma educação tecnologicamente desadequada aos tempos que correm. Por isso, é importante complementar a proibição, com a formação que conduza a uma utilização responsável e segura das tecnologias. E sem esquecer que, nesta matéria, a família tem um papel fundamental. Que não se eliminem os ecrãs da vida dos filhos, mas que se criem regras, com definição do tempo de utilização e com filtros de conteúdos que impeçam (ou pelo menos dificultem) o acesso a conteúdos impróprios ou que ponham em casa a sua segurança. É um processo que deve decorrer de uma necessária interação Escola/Família. E que se comece por dar o exemplo: um casal que em casa, no banco do jardim, na praia, no café ou no restaurante, pouco dialoga, de telemóvel na mão presos às redes sociais, não serão certamente o melhor exemplo para os filhos.
Esta medida do Governo, vem na sequência da experiência vivida por muitas escolas que, no âmbito da sua autonomia pedagógica, já haviam proibido o telemóvel em contexto escolar. As conclusões preliminares do relatório do Ministério da Educação Acompanhamento Das Recomendações para o Uso de Smartphones nas Escolas agora apresentadas e divulgadas na passada quinta-feira pelo jornal Público, mostra que a restrição trouxe “uma diminuição substancial dos casos de bullying, de indisciplina e de confronto físico nas escolas” e também “se percecionaram um incremento de situações de socialização nos intervalos, uso de espaços de jogos, de utilização da biblioteca e prática de atividade física”. Boas razões para restringir o uso de um equipamento que no entanto, se bem utilizado, será sempre um precioso auxiliar educativo e uma janela para o Mundo da informação e do conhecimento.