11 Setembro 2013

DESASSOSSEGO - José Lagiosa
República – parte I

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Conforme prometi a semana passada, vou hoje iniciar uma de três abordagens a outros tantos acontecimentos, ocorridos no ano de 1975. Iniciarei esta viagem, ao meu passado político, por um acontecimento ocorrido, na manhã de 19 de maio desse ano. Era ainda primavera, mas foi nesse dia que começou o período revolucionário que haveria de ficar na memória dos portugueses como o Verão Quente. Era então diretor do jornal República, o meu saudoso camarada Raul Rego, republicano convicto e que assegurou durante anos a direção do jornal, apesar da censura severa que, mesmo durante o período marcelista, não deixou por mãos alheias os ataques sistemáticos à liberdade de Imprensa.
Foi nesse dia que um grupo de pessoas afetas, na sua grande maioria, ao PCP, tomou de assalto o jornal República, na Rua da Misericórdia, em Lisboa, e sequestrou os seus jornalistas, na redação durante mais de 36 horas. Nesse período um grupo de jovens socialistas, entre os quais me encontrava, que estavam na sede da FAUL em S. Pedro de Alcântara, avançou para as imediações das instalações do jornal, que ficavam a cerca de 300 metros, deparando-se logo aí por um cordão de militares revolucionários, se bem me lembro paraquedistas, que protegiam já as instalações e os invasores. Simultaneamente começava a juntar-se uma enorme multidão oriunda de diversos locais de Lisboa. Começamos então a pressionar o cordão de militares, a pouco e pouco, sem movimentos demasiado bruscos, até que o espaço diminuiu drasticamente e as nossas caras quase tocavam as dos jovens militares, alguns com aspeto de serem mais novos que nós próprios, o que originou um desconforto e consequente nervosismo dos mesmos. Foi o princípio de momentos psicologicamente dramáticos. Um dos militares, ou porque não tinha a G3 travada, ou porque ultrapassou o limite de pressão, começou a disparar em rajada, o que levou a maioria dos outros a fazer o mesmo. Felizmente para o ar. Os populares que por ali estavam, incluindo nós mesmos, atiraram-se para o chão a ouvir as balas baterem nas frontarias dos prédios e a caírem no asfalto e nos passeios. Depois, bem depois, cometi uma das maiores loucuras que tenho memória. Mas isso fica para a semana…

10/09/2013
 

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