Celeste Capelo
A moda e os comportamentos
Não sei se é moda, imitação ou provocação esta história de jovens se reunirem ao “toque” do facebook, em manifestações e comportamentos antissociais? Verificaram-se há dias, tendo e a comunicação social referido um episódio deste tipo junto a uma superfície comercial, em que foi necessária a intervenção policial, chegando mesmo a haver jovens e polícias feridos, tendo alguns jovens sido detidos e posteriormente condenados.
Então pergunto eu? Quem os devia ter preparado para adquirirem a competência social sem a qual, todo e qualquer comportamento lhes vai parecer normal? Devem ser os pais, a escola, os média, a sociedade? Muito haveria para dizer sobre este problema, pois as tecnologias mal utilizadas, começam a ser um problema.
Há nos currículos escolares várias vertentes educacionais. A Educação para a saúde, Educação para o ambiente, Educação para a cidadania. Nesta última bem cabia o capítulo educação para as tecnologias, pois daquilo que me tenho apercebido nesta disciplina apenas constam, ou têm maior realce, os temas relacionados com os direitos do cidadão, a organização social, tudo isto sem o acompanhamento indispensável da sua ligação aos valores que tanta falta fazem.
O valor do BELO hoje, é só entendido em contexto sexual e erótico.
O valor do BEM é só entendido como caridade.
O valor da LIBERDADE é apenas entendido na mesquinhez do individualismo.
Não quero aprofundar mais o tema dos valores, apenas alguns exemplos de valores estético e ético para continuar o tema que hoje proponho.
Será que é moda, imitação e neste caso, segundo a minha opinião, ignorância dos jovens, já com alguns anos de escolaridade, não terem um vocabulário diversificado para expressarem as suas emoções? É uma linguagem simples, mas ao mesmo tempo despida de qualquer valor, como se fossem autómatos a falar, e todos com as mesmas expressões. Tudo se resume ao “gosto”, “não gosto”, “desejo-te”, “já não significas nada para mim”.
Infelizmente, muitos não são ajudados, nem motivados. Mas isto é urgente fazer-se sob pena de estarmos a criar uma sociedade onde os jovens apenas lhes importa o presente, com a manifesta incapacidade de planear o futuro.
O esforçar-se hoje para ser recompensado amanhã, não está na mente da grande maioria dos jovens e isso vê-se com maior nitidez no comportamento escolar, nestas manifestações antissociais, e na procura de satisfação dos desejos imediatos.
Felizmente há exceções.
Voltando à questão das tecnologias não resisto a registar um pouco do pensamento do filósofo Heidegger em que ele se mostra hostil à técnica moderna. No seu pensamento o mundo ocidental desencaminhou-se quando se afastou da maneira grega de pensar e viver a técnica, quando passou a ver na realidade algo para utilizar em vez de continuar a ver nela algo para fruir na sua verdade e na sua beleza.
A categoria grega da verdade foi substituída pela cultura ocidental da utilidade. Diz ele: “Já não queremos ver o SER, queremos ter o SER; já não queremos que o SER seja, queremos que o SER seja nosso, seja para nós”.
Aplicando o pensamento de Heidegger será que podíamos modificar a sociedade? Fica a interrogação.