16 julho 2014

Na foz do enxarrique
Câmara investe 300 mil euros na musealização

O presidente da Câmara de Vila Velha de Ródão anunciou, domingo, que vai investir 300 mil euros na musealização da estação arqueológica da Foz do Enxarrique, cujo projeto ficará concluído no final de 2015.
“O município vai investir 300 mil euros na Foz do Enxarrique. O projeto está na fase final e prevê-se que no final de 2015 esteja concluído”, referiu Luís Pereira.
O autarca falava à margem de uma sessão de homenagem aos arqueólogos que estiveram envolvidos no inventário e estudo da Arte Rupestre do Tejo, onde estiveram presentes o atual diretor do Museu Nacional de Arqueologia, António Carvalho, e alguns dos arqueólogos envolvidos nos trabalhos ali realizados na década de 70 do século passado, entre eles, o arqueólogo e ex-diretor do Museu Nacional de Arqueologia, Luís Raposo.
Este projeto está a ser trabalhado por Luís Raposo há algum tempo e vai funcionar paralelamente com a Escola Internacional de Arqueologia.
“Como arqueólogo responsável pela Foz do Enxarrique, para mim a preservação da estação é a questão principal. A escola de arqueologia é importante, mas em termos de prioridade é a conservação do sítio arqueológico da Foz do Enxarrique”, afirmou  Luís Raposo.
O arqueólogo e ex-diretor do Museu Nacional de Arqueologia explicou que os trabalhos naquela que é uma das estações arqueológicas mais importantes do paleolítico médio e que está classificada como imóvel de interesse público, “estão parados há vários anos”.
A ideia de criar ali um espaço museológico surgiu na sequência da requalificação que o município de Vila Velha de Ródão está a realizar junto à margem do Rio Tejo.
Luís Raposo referiu que a estação arqueológica, que se estende por uma área de 200 metros quadrados, “não estava e, de certo modo, não está em perigo, porque é um local onde não estão previstas construções”.
Contudo, uma vez que foi feita a requalificação e o arranjo da zona do Cais do Tejo e de toda a zona envolvente, “isto vai originar uma maior afluência e frequência daquele espaço”, adiantou.
Neste sentido, e como o município se mostrou recetivo em avançar e dar corpo à ideia de Luís Raposo, a musealização da Foz do Enxarrique vai avançar.
“Vamos fazer arranjos de exterior e de superfície para tornar o espaço agradável com painéis informativos e vamos também fazer uma coisa que é a primeira vez que se faz no País, que é escavar uma área que ainda não está escavada, para ficar dentro de um espaço fechado, um museu no sítio”, adiantou o arqueólogo. “É um sítio muito importante. Está escavada uma parte que nós consideramos suficiente para cientificamente conhecermos o sítio, mas há muito mais para escavar no futuro.
O ex-diretor do Museu Nacional de Arqueologia sublinhou ainda que este projeto foi a sua primeira preocupação.
“Uma vez que a Câmara estava interessada no projeto e que ele vai para a frente a curto prazo, juntamos o útil ao agradável, junta-se a Escola Internacional de Arqueologia a este projeto”, concluiu Luís Raposo.

Escola de arqueologia
nasce em Ródão
No mesmo dia, o presidente da Câmara de Vila Velha de Ródão anunciou também a criação de uma Escola Internacional de Arqueologia, um projeto que nasce de uma parceria que envolve o município e quatro outras entidades nacionais.
“A Escola vai envolver cinco instituições portuguesas. Além disso, vai contar com a participação de instituições universitárias italianas e gregas. Penso que está aqui a criar-se um centro de estudos arqueológicos que irá projetar não só Vila Velha de Ródão e a região, como também o País”, disse Luís Pereira.
Além da autarquia de Vila Velha de Ródão, o projeto inclui a Direção-Geral do Património Cultural, o Museu Nacional de Arqueologia, o Centro Português de Geo-História e Pré-História, a Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, o Centro de Arqueologia da Universidade de Lisboa e instituições universitárias italianas e gregas.
“Temos aqui um conjunto muito forte de instituições com grande prestígio que se vão envolver no estudo científico de todo este património e que nos irão dar um conhecimento melhor que pode ser utilizado não só para projetar a região mas também o País”, adiantou o autarca.
A instalação da Escola Internacional de Arqueologia vai ter início ainda este ano.
De acordo com declarações do diretor do Museu Nacional de Arqueologia, “a ideia é começar já a ser instalada este ano”.
António Carvalho explicou que ainda não pode avançar com os detalhes sobre o investimento envolvido neste projeto.
“O que posso dizer sobre o processo é que o conjunto de entidades que assinam este protocolo afirma que se vão organizar no sentido de criar as condições para a criação desse campo internacional de trabalho. Paralelamente, há a candidatura como muitas outras que temos. É uma candidatura que vai ser construída e montada dentro dos prazos europeus”, sublinhou.
O diretor do Museu Nacional de Arqueologia explicou ainda que os trabalhos em Vila Velha de Ródão relacionados com a construção da Barragem do Fratel, na década de 70 do século passado, “são um trabalho de nível nacional com importância internacional”.
“A esse processo esteve ligado o anterior diretor do Museu Nacional de Arqueologia, Luís Raposo. Sendo ele o antigo diretor do museu e um técnico qualificado da equipa do museu, por esse lado a instituição não pode deixar de participar ativamente neste processo, não fazia sentido”, referiu António Carvalho. O responsável do Museu Nacional de Arqueologia referiu também que esta Escola Internacional, insere-se numa linha de trabalho que tem a ver com a internacionalização do próprio Museu, com a realização de estágios europeus, escolas de arqueologia internacional e de participação em projetos internacionais, fazendo o museu funcionar “como laboratório de aprendizagem no terreno e também no próprio museu”, concluiu.

16/07/2014
 

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