Joaquim Martins
Dia mundial do refugiado!
Dia mundial do refugiado! A Comunicação Social não ignorou o tema. Alguns jornais conseguiram mesmo dar-lhe espaço roubado ao futebol! Estranho mundo, o nosso! Quase 64 milhões de refugiados e deslocados. Quase três milhões, na Turquia, a baterem à porta da União Europeia. Que fechou as portas. Por medo. Por não conseguir distinguir refugiados e imigrantes. Quase 200.000 já na Europa (Itália, Grécia e Hungria) à espera que os acolham. Entre maio e setembro do ano passado a Comissão Europeia propôs recolocar, por um sistema de quotas, 120.000, nos vários países da UE. A semana passada tinham sido recolocadas 2.204 pessoas. A Portugal (que se dispôs a acolher até 10.000!) chegaram 379(!!!).
Os números são tão chocantes que deviam envergonhar. É a burocracia da UE. É o processo de seleção. É o sistema! Portugal até foi exemplo de abertura e vontade de resolver o problema. Organizou-se e abriu os braços. A dúvida é se consegue fazer a integração.
Num encontro nacional, realizado sábado, em Fátima, da Comissão Nacional Justiça e Paz (CNJP), com as Comissões Diocesanas (a Comissão Diocesana de Portalegre e Castelo Branco esteve presente) o tema foi debatido, estando presente o diretor do Serviço Jesuíta aos Refugiados. Os dados da Plataforma Para os Refugiados e do Fórum de Organizações Católicas para a Imigração (FORCIM) mostram que há um longo caminho a percorrer para que a integração seja possível. Há que alterar mentalidades. Que recusar a visão utilitarista dos refugiados. Que privilegiar a integração de famílias. Não em centros de acolhimento, mas em casas autónomas. Com bolsa, que importa ensinar a gerir. O que implica estruturas de apoio e acompanhamento. Mediadores. Condições para aprendizagem da língua. Acesso a serviços.
Não basta acolher. É preciso integrar. É um grande desafio para a Europa e para Portugal.