MOÇÃO APROVADA, POR UNANIMIDADE
Assembleia Municipal indignada com o cancelamento da Barragem do Alvito
A Assembleia Municipal de Castelo Branco aprovou, sexta-feira, por unanimidade, uma moção subscrita por todas as bancadas, onde manifesta a sua indignação pelo cancelamento da construção da Barragem do Alvito.
A moção foi subscrita por todas as bancadas políticas, depois de um apelo feito pelo presidente da Assembleia Municipal, Valter Lemos, que no início dos trabalhos se viu confrontado com moções do PS, PSD e CDS-PP sobre este tema.
Após uma breve interrupção dos trabalhos, os líderes das diferentes bancadas chegaram a um consenso e subscreveram o documento conjunto que acabou por ser aprovado, por unanimidade.
A Assembleia Municipal de Castelo Branco, além de manifestar a sua “indignação” pelo cancelamento da construção da Barragem, apela ao Governo que esta volte a ser incluída no Plano Nacional de Barragens ou em outro qualquer plano de investimento.
Os subscritores da moção reafirmam ainda a “importância estratégica” deste projeto para a Região de Castelo Branco.
Contudo, o tema da Barragem do Alvito não foi pacifico e foi inclusivamente alvo de uma acesa discussão entre os deputados municipais do PS, CDS-PP e PSD, com várias trocas de argumentos e acusações sobre a efetiva responsabilidade do cancelamento da sua construção.
Carlos Casal, do PS, recordou que em julho de 2015, o Governo PSD/CDS-PP “decidiu revogar” o contrato do Alvito.
“Em segredo, foi escondida informação relevante (sobre o projeto) para a população e para as autarquias”, disse.
Já José Pedro Sousa, do CDS-PP, decidiu expressar, ironicamente, a sua solidariedade com o presidente da Câmara de Castelo Branco, Luís Correia.
“Hoje lembra-me o marido enganado pela mulher adúltera. Andou na campanha eleitoral a prometer o Alvito. Pouco tempo depois repetiu o propósito nos jornais. O que é certo é que o senhor se viu enganado pelo Governo do PS. Gostaríamos pois de manifestar a nossa solidariedade” afirmou.
O autarca de Castelo Branco reagiu e sublinhou que a Barragem do Alvito “foi e continua a ser uma ambição nossa”.
Explicou que a privatização da EDP retirou força ao projeto e acrescentou que até há cerca de 15 dias todos pensavam que a construção do Alvito estava suspensa e que ele próprio expressou ao ministro do Ambiente que “não concordava, nem aceitava” a decisão.
Luís Correia adiantou então que o anterior ministro do Ambiente, Jorge Moreira da Silva, em 20 de julho de 2015, assinou um despacho onde expressava o seu acordo com o contrato de revogação do Alvito.
E, em resposta ao deputado do CDS-PP questionou: Não se sente enganado senhor deputado? É que eu sinto-me enganado. Infelizmente há uma decisão destas e eu não soube, nem o senhor soube”, concluiu.
Portagens voltam
à discussão
Outro assunto que aqueceu a discussão foi o das portagens na A23. E, as “hostilidades” foram abertas pelo deputado socialista Francisco Pombo Lopes que se referiu às recentes preocupações manifestadas pelo PSD e CDS-PP, como “um exercício de demagogia”.
“Importa desmascarar o novo cordeiro e dizer que nunca o Governo PSD/CDS-PP mostrou qualquer intenção de discriminação positiva face ao Interior”, disse.
O deputado do PS recordou que na origem das portagens se encontra o “chavão” do PSD: “Ou pagam todos ou ninguém”.
Recordou ainda que em 2011, foi o anterior Governo que acabou com o regime de descontos que o PS tinha instituído para as portagens.
Por último, Francisco Pombo Lopes acusou o anterior Governo PSD-CDS-PP de ter negociado com a concessionária da A23, um novo sistema de pagamento das portagens, o qual “impede desde logo qualquer isenção”.
“Vêm agora reclamar quando armadilharam toda a situação anteriormente”, concluiu.
Sobre este assunto, o presidente da Câmara de Castelo Branco sustentou que durante os últimos quatro anos em que estiveram no Governo, PSD e CDS-PP “esqueceram o tema”.
“Andaram quatro anos a prometer rever. Passados quatro anos, zero”, disse o autarca.
Luís Correia recordou ainda que em plena campanha eleitoral foi assinado um contrato com a Scutvias que mudava radicalmente a questão da concessão da A23.
“Este Governo, se quiser, vai ter de renegociar o contrato. Agora, temos pelo menos alguém que vai rever, esperemos que não ande quatro anos”, sustentou.
PSD fala em falta
de manutenção dos espaços
públicos
O deputado municipal do PSD, Alexandre Pereira, levou à Assembleia Municipal o problema das condições de trabalho de cerca de 40 funcionários autárquicos, que trabalham atualmente no piso subterrâneo da autarquia.
O social-democrata passou um conjunto de fotografias que expressam as condições que atualmente afetam os trabalhadores daquele local, como infiltrações ou paredes com humidade.
Também a deputada do PSD Alice Almeida, trouxe à discussão a manutenção, ou falta dela, dos espaços públicos como a Zona de Lazer de Castelo Branco.
Segundo a deputada, o município “continua a ignorar a manutenção” destes espaços, onde existem “equipamentos partidos, bebedouros que só o são de nome, ou parques de estacionamento esburacados”.
Alice Almeida disse mesmo que a zona de lazer da cidade “está votada ao abandono”.
A social-democrata, durante a sua intervenção, recorreu também à projeção de fotografias para demonstrar as situações que denunciou.
Carlos Castela