UNIDADE INDUSTRIAL DE SECAGEM DE BAGAÇO DE AZEITONA DA VALAMB
Vereadores do PSD acusam presidente da Câmara de “mentir”
Os vereadores do Partido Social Democrata (PSD) na Câmara de Castelo Branco, Paulo Moradias e João Paulo Benquerença, no que respeita à instalação de uma unidade industrial de secagem de bagaço de azeitona da Valamb, no “limite das freguesias de Castelo Branco e Alcains”, acusam o presidente da autarquia, Luís Correia, de “mentir numa Assembleia Municipal e numa sessão de Câmara”, com Paulo Moradias a salientar que “se intencional, se por desconhecimento, não sei”.
A acusação foi feita numa conferência de Imprensa realizada segunda-feira, na qual os vereadores social democratas começaram por recordar que o processo “se arrasta há cerca de dois anos”, defendendo que “embora preocupados com a criação de emprego, este não deve surgir a qualquer custo”.
Paulo Moradias recordou também que no decorrer da polémica surgida em torno da instalação da unidade industrial de secagem de bagaço de azeitona da Valamb a Câmara “avançou que tem dois estudos. Um da Universidade de Aveiro, do Departamento de Ambiente, e outro, que é mais um parecer, da Quercus”.
O vereador do PSD relembrou também que “na Assembleia Municipal de 27 de novembro de 2015 foi apresentada uma moção no sentido de haver um estudo de impacto ambiental, com a finalidade de reforçar essa promessa”, concluindo que a moção “foi aprovada por toda a oposição, registando os votos contra do Par- tido Socialista (PS)”.
Acrescenta que na altura “o presidente da Câmara afirmou que não é a Câmara que licencia a unidade, uma vez que a autarquia apenas licencia a construção”.
Paulo Moradias recorda, por outro lado, que “na sessão pública da sessão de Câmara de 15 de julho deste ano, o tema voltou a ser abordado pelos vereados do PSD, com o presidente da Câmara a responder que em relação à Valamb estava a decorrer o processo de licenciamento e quando lhe foi perguntado se não havia nenhuma evolução recente disse que não”.
Paulo Moradias revelou de seguida que no passado mês de agosto, a Triplo A – Associação Ambiental de Alcains “fez um pedido de esclarecimento à Câmara sobre a unidade industrial de secagem de bagaço de azeitona da Valamb”.
Tudo para afirmar que “a 4 de agosto fomos surpreendidos com a resposta da Câmara”, uma vez que na resposta, a que o PSD teve acesso, se pode ler que “relativamente ao processo de licenciamento de obras nos termos do RJUE (Regime Jurídico de Urbanização e Edificação publicado a coberto do DL 555/99 de 16 de dezembro e nas sucessivas alterações) verifica-se que o projeto se encontra aprovado estando em curso o prazo para levantamento da licença de construção, que termina ca-so não seja requerida prorrogação de prazo nos termos do citado RJUE, em 8 de outubro de 2016”.
Ou seja, continua Paulo Moradias, “como o prazo para o levantamento da licença de construção é de um ano, quer dizer que o projeto foi deferido a 6 de outubro de 2015”.
É com base nesta argumentação que Paulo Moradias acusa que isto “quer dizer que o presidente mentiu na Assembleia Municipal e na sessão de Câmara. Se intencionalmente, se por desconhecimento, não sei”.
Realça que “é grave o presidente ter mentido”, questionando “por que é que o fez”, para avançar que “se foi por ignorância é grave, se foi intencionalmente a gravidade acresce” e reforçar a pergunta sobre “qual o motivo pelo qual o fez”.
Por seu lado, João Paulo Benquerença salienta que “a mentira tem perna curta”, para defender que “não se vê a necessidade do presidente mentir à Assembleia Municipal”, com Paulo Moradias a reforçar as duvidas ao questionar “quais os motivos de ocultar esta informação”, concluindo que “quando o presidente oculta esta informação temos que pensar o que estará por trás desta ocultação, o que há aqui mais”.
A Gazeta tentou, até ao fecho da edição, contactar o presidente Luís Correia para obter uma reação, mas tal não foi possível.