Celeste Capelo
FLACHES DA ACTUALIDADE
Começo por relatar um facto verdadeiro, que muito perto de mim foi vivido. Um médico meu amigo tratava um doente que, já há algum tempo, estava numa situação clínica grave, ligado às máquinas sem as quais não sobreviveria. Durante a visita que um filho do doente fazia com regularidade ao hospital, coincidiu estar o médico dando instruções à Sra. Enfermeira para a adição dos medicamentos que entravam no corpo através dos tubos ligados ao doente. Nessa altura o filho desanimado disse para o médico:
- Sr. Dr. porque não desliga a máquina e acaba o sofrimento do meu pai? Ao que o médico respondeu.
- Desligue o senhor. Eu cumpro o juramento que fiz. O juramento de Hipócrates que foi escrito em grego jónico no século V a.C., e cuja versão de 1983 diz expressamente …Guardarei respeito absoluto pela Vida Humana desde o seu início, mesmo sob ameaça, e não farei uso dos meus conhecimentos Médicos contra as leis da Humanidade.
O filho também não foi capaz de desligar as máquinas. O que o médico estava a fazer, era minimizar e até evitar, o sofrimento daquele doente.
Este fim de semana tivemos na televisão, a transmissão do Congresso do Partido Socialista. Não estive sempre atenta, mas fui observando alguns detalhes e, é muitas vezes nos pormenores que deciframos o que a seguir virá.
Lembro que no Governo do Engº José Sócrates, quando foi aprovado no Parlamento a lei do casamento entre homossexuais, muitos daqueles que votaram para formar esse Governo, desconheciam que este pormenor estava inscrito no seu programa. Certamente não o conheciam, pois se o tivessem lido com atenção não ficariam tão admirados. Muitas dessas pessoas, incluindo eu, não temos nada contra a orientação sexual de cada um, agora chamar-lhe casamento!...
Mas adiante, e continuando a observar a “evolução” (?) da sociedade actual. As crianças já podem ser adotadas e terem 2 mães ou 2 pais.
Relembrando o Congresso do PS…. Foram aceites várias moções sectoriais que irão ser debatidas e não tardarão a serem aprovadas, pois se assim não for, o Governo perde o apoio dos Partidos que estão à sua esquerda, e que sustentam o Governo. Entre elas estão estas que me chamaram a atenção.
Despenalização da eutanásia, a legalização das drogas leves e a regulação da prostituição. (E temos ainda as barrigas de aluguer!...)
Ouvi ainda uma entrevista com a jornalista Maria Antónia Palla, mãe do Sr. Primeiro Ministro, em que ela deixou transparecer alguma dúvida sobre o sucesso deste governo. No entanto apelidou-o de uma experiência, mas não a senti muito segura.
Tive o privilégio de com ela debater assuntos ligados aos direitos das mulheres. Já lá vão 30 anos, quando o então CDS tinha um organismo autónomo chamado MCDS, isto é Mulheres do CDS. Batemo-nos por causas que dignificavam a mulher, a sua acção enquanto profissional, mãe, esposa e cidadã. Não éramos feministas no sentido da degradação da mulher, como se generalizou em determinada altura. Mas ainda recordo as suas palavras que numa dessas reuniões proferiu, eu fixei, e cito:
“Há vários feminismos consoante a ideologia de uma pessoa, mas para mim é a consciência que as mulheres tomam de que têm direitos e que esses direitos são específicos e estão inteiramente ligados à sua condição de mulheres”.
Temo que os assuntos que estão agora em debate, ou serão em breve debatidos, sejam o contrário disto tudo, principalmente porque não estarão inteiramente ligados à condição de mulher, e auguro que a legislação que se seguirá não respeitará a dignidade da condição de MULHER, aliada à dignidade do SER PESSOA.