4 de outubro de 2017

João Carlos Antunes
AS ELEIÇÕES AUTÁRQUICAS DE DOMINGO

AS ELEIÇÕES AUTÁRQUICAS DE DOMINGO deixaram o país, de norte a sul, tingidos de rosa. Houve um grande vencedor, o PS, que viu aumentar a votação e o número de câmaras que vai gerir. António Costa foi assim premiado pela forma equilibrada e hábil com que tem governado, fazendo reverter algumas das medidas de austeridade do governo de Passos Coelho, sem deixar deslizar, reduzindo mesmo significativamente, o défice respeitando os ditames da Comunidade Europeia. E houve um grande perdedor, o PSD nacional, cujo líder Passos Coelho revelou pouca argúcia ao apostar em candidatos que eram logo à partida autênticos erros de casting, independentemente das suas qualidades humanas, para concorrer em cidades como Lisboa e Porto. Lisboa, com Teresa Leal Coelho, foi o caso mais gritante, uma candidatura confrangedora de uma mulher que só mesmo para fazer jus ao nome, foi de uma irrepreensível lealdade para com o seu líder ao aceitar o desafio impossível. Desta forma, Passos Coelho traçou o seu próprio destino e não sabemos se, quando esta Gazeta chegar às mãos dos seus leitores ainda será o líder deste grande partido que tem de se reencontrar com as suas raízes ideológicas e abandonar a deriva neoliberal que o encostou perigosamente à direita (a candidatura do PSD a Loures, com André Ventura, constituiu um dos momentos mais deprimentes da história do partido).  Outro perdedor da noite foi, surpreendentemente o PCP (CDU) que perdeu para o PS nove das suas 34 câmaras, com destaque para as emblemáticas Almada e Barreiro. Numa leitura simplista, dir-se-ia que algum eleitorado comunista foi seduzido por um PS que até tem sido simpático para o PCP. Isto pode fazer com que os comunistas endureçam o discurso, façam exigências “impossíveis” na elaboração do Orçamento para 2018, coloquem na rua o seu poderio sindical e estiquem a corda até fazer perigar a aliança parlamentar das esquerdas. Mas não se atreverão a fazer derrubar o governo porque sabem que iriam sair bastante penalizados nas urnas e arriscavam-se a ter de lidar com um governo PS de maioria absoluta. Vai ser, não tenham dúvida, um dos temas quentes das próximas semanas. E tivemos Assunção Cristas, a apostar tudo na capital, a ganhar ali o lugar de líder de oposição ao remeter para o terceiro lugar o antigo parceiro de coligação e a libertar-se da sombra de Paulo Portas ao lhe serem reconhecidas todas as capacidades de liderança, capazes de entusiasmar as suas hostes na próxima luta das legislativas. E finalmente o BE, foi igual a si próprio, não ganhou nenhuma câmara mas mostrou que é uma força política com que têm que contar muitos autarcas.
A nível local, no distrito, o que se destaca foi a continuidade de mandato em todos os concelhos, numa luta eleitoral onde se usaram alguns meios, como e-mails anónimos, para fazer assassínios de caráter a alguns candidatos. É uma situação que leva ao nível zero da política e que neste caso, como quase sempre, não me parece que se tenha traduzido em ganhos ou perdas eleitorais para quem quer que fosse. A terminar, Carlos Almeida, candidato do PSD, teve uma votação claramente acima da conseguida pelo partido em 2013, com mais mil votos do que então e acima da média nacional. Parece-nos que ficou bem posicionado para enfrentar este e outros desafios.

04/10/2017
 

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