Salvaterra recorda a história dos bodos
O Movimento Monárquico de Castelo Branco, com o apoio da União de Juntas de Freguesias de Monfortinho e Salvaterra do Extremo, organizou, dia 26 de março, em Salvaterra do Extremo, uma palestra subordinada ao tema Os Bodos da Beira Baixa, tendo como orador Florentino Beirão.
No início do encontro foi referido que os bodos da Raia são mais ricos do que noutros locais. As origens dos bodos vem do Neolítico. Eram bodos de vizinhos, especialmente no inverno, em que há mais carência de alimentos. Os mais pobres davam o pouco que tinham aos verdadeiramente mais pobres.
No tempo dos Romanos apareceram os bodos a uma diversidade de invocações aos deuses e durante a Idade Média dedicaram-se bodos ao Purgatório, para ajudar alguém a ir para o Céu.
A partir do Século XVI começa a devoção ao Espírito Santo, sendo rara a terra que não tenha uma capela dedicada ao Espírito Santo que, na Raia, foi o grande impulsionador dos bodos, festejando-se 50 dias após a Páscoa. Os bodos não eram feitos no Advento, nem na Quaresma, pois não se podia comer carne. De início, os bodos não tinham nada a ver com a Igreja, que só mais tarde começou a dar apoio ao que era laical. Na atualidade os bodos tornaram-se em bodos turísticos como, por exemplo, a Festa dos Tabuleiros, em Tomar, que é o bodo dos bodos. Os bodos de Monfortinho e Salvaterra do Extremo são idênticos. Em Salvaterra cozinha-se num espaço, juntos, sendo a cozinheira a mesma desde há já alguns anos, e tudo é confecionado no domingo e na segunda-feira. O bodo é servido após a procissão. A Confraria, com estatutos enquanto não houver festeiros, tem servido o bodo por amor a Nossa Senhora Consolação e por caridade e não com interesse próprio a cerca de 700 pessoas. Os bodos estão ligados às pragas de gafanhotos e ganharam mais expressão a partir do Século XVII, em que ocorreram pragas vindas de Espanha e África. Em Manteigas há a Nossa Senhora dos Verdes, em que o manto de Nossa Senhora está coberto de gafanhotos.