6 de dezembro de 2017

Cristina Valente
O MEU BARROCAL VAI FICAR MAIS BONITO PARA QUE TODOS POSSAM USUFRUIR DELE

Acho piada. Agora todos têm alguma coisa a dizer em relação ao Barrocal.
Provavelmente a maioria nunca andou por lá, ou já o fez há muitos anos. Talvez nestes últimos anos muitos subiram às pedras pela primeira vez para ver o Enduro organizado pela Escuderia Castelo Branco.
Eu cresci a brincar no Barrocal. Os meus pais vivem no Bairro do Barrocal desde que eu era pequena, os meus avós sempre viveram numa quinta pegada ao Barrocal.
O Barrocal, as suas pedras, caminhos e pequenas grutas e lagos eram o nosso parque infantil.
Subi àquelas pedras ainda sem saber andar, ao colo dos meus pais.
Mais crescida, com os primos e amigos do bairro, o Barrocal era o local de encontro e brincadeira, fazíamos grutas entre a vegetação mais densa, concurso para ver quem subia e descia mais rápido das maiores pedras, quem conseguia saltar de uma para outra pedra, e não me lembro de nunca ter havido nenhum acidente de maior. Pernas arranhadas ou umas feridas nas mãos isso era o normal.
Mas se o Barrocal era giro de dia, também o era de noite. Perdi o conto às vezes que colocávamos alguns mais inocentes, lembraste Carlos Nunes?, a segurar o saco para apanhar os gambozinos, enquanto nós nos riamos até não poder mais, escondidos atrás de uma pedra.
Éramos capazes de passar horas deitados numa pedra a olhar as estrelas e a dar largas à imaginação sobre aquilo que elas pareciam.
Não tínhamos medo de correr por aquelas veredas mesmo durante a noite, iluminados apenas pela lua.
O Barrocal era o local dos magustos, dos piqueniques com o rádio a pilhas. Era o nosso espaço de eleição.
Com o passar dos anos e com a minha geração a sair do bairro, o Barrocal ressentiu-se. Os mais novos do bairro, não sentem como seu o Barrocal, preferem dar uns chutos na bola, nas ruas do bairro, ou nem saem de casa. São outros tempos é verdade. Mas a verdade é que o Barrocal começou a ser frequentado por pequenos grupos que para lá iam e vão beber, fumar umas coisas. E aquilo que agora alguns defendem, que deve continuar como está é um Barrocal completamente abandonado, que inclusive começou a ser aproveitado para despejar entulho e lixo. Esse não é o meu Barrocal.
Há poucos anos, com os meus filhos tentei voltar ao Barrocal, já nada está igual, não existem veredas, passei por uma ou duas pessoas com aspeto duvidoso e lixo, muito lixo. Até o marco geodésico está grafitado e o espaço em volta cheio de lixo, na maioria garrafas de bebidas alcoólicas.
Os meus filhos, com 16 e 14 anos, gostam do Barrocal tanto como eu. Começaram a ir para lá pequeninos com o avô Rogério. Subiram a pedras e foram ao marco, brincaram no Barrocal livremente, mas não vão lá sozinhos, têm medo. De quê? De algumas pessoas que para lá veem passar.
Há poucos dias fomos lá outra vez, subimos as pedras e sentamo-nos a ver as obras. Expliquei-lhes o que vão fazer e eles que são crianças ficaram felizes. “Vamos poder voltar a andar por aqui sem medo”.
É isso que eu, eles e com certeza a maioria dos Albicastrenses quer, usufruir do Barrocal, sem medo, sem lixo e em segurança.
A natureza fica lá toda, mas com a criação do Parque haverá condições para poder usufruir dela com mais qualidade.

06/12/2017
 

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