António Tavares
Editorial
O Diabo seja cego, surdo e mudo mas, e sem se querer augurar algo de mau ou fazer futurologia, as perspetivas para o verão, em matéria de fogos florestais, não são animadoras.
As alterações climáticas são uma realidade irrefutável e ainda na semana passada o Joint Research Center (JRC), que é um serviço de ciência da Comissão Europeia, alertou que o risco de incêndios na Europa vai aumentar. Isto, porque a temperatura aumenta, ao mesmo tempo que a precipitação e a humidade diminuem, traduzindo-se em períodos de seca. Um problema que abrange todo o território europeu, mas que é mais grave no Sul, devido ao clima mediterrânico. Facto que coloca Portugal na linha da frente.
Um alerta para o verão de má memória do ano passado, que fez avançar com a obrigatoriedade da limpeza de terrenos que, no caso dos proprietários privados termina esta quinta-feira. Resta confirmar o que de facto foi limpo, porque as dificuldades são muitas e conhecidas. Desde logo no que respeita à cidadania, ao que há a acrescentar fatores como o envelhecimento das populações e a vertente financeira. Na primeira, porque a idade já não permite fazer o trabalho e, na segunda, porque nem todos têm verbas para pagar a quem faça o trabalho de limpeza, com a agravante que esta é uma área deficitária, devido ao crescimento brutal da procura.
Para além disso, há ainda aqueles terrenos que ninguém sabe de quem são, sendo que, no final, a batata quente fica na mão dos municípios, que têm que fazer a limpeza até final de maio.
Por isso, é aguardar e ver o que o verão nos reserva...