Biblioteca Municipal abre laboratório Vidas e Memórias de uma Comunidade
A segunda fase do projeto Vidas e Memórias de uma Comunidade, que a Biblioteca Municipal José Batista Martins (BMJBM) de Vila Velha de Ródão desenvolve desde 2009 e que tem vindo a ser replicado por inúmeras bibliotecas e outras instituições do País, continua na próxima sexta-feira, 25 de janeiro, a partir das 14 horas.
A partir desse dia a Biblioteca acolhe um laboratório de reflexão sobre memória, património imaterial e arte, passando a ser percebida e utilizada, quotidianamente, como espaço de experimentação sobre identidade e património e de guarda de memória. Uma das formas de preservar memórias sobre a vida da comunidade acontecerá através da criação de livros manuscritos pela própria comunidade, que serão guardados, no fundo local da Biblioteca.
Chama-se a esta segunda fase Vidas e Memórias de uma Comunidade: rebuscar o tempo, isto é apanhar o que foi deixado para trás e guardar o que acharmos e como acharmos, e propõe que o processo de guarda seja acompanhado de reflexões e de experimentação de novas formas de relacionamento com esse tempo rebuscado.
Para tal a BMJBM conta com parceiros de missão, tal como tem vindo a acontecer desde 2009.
Os primeiros a participar neste laboratório serão Nuno Leão, Ana Gil e Diogo Martins, que levam à Biblioteca experiências e reflexões em torno das fotografias do livro e da instalação fotográfica Dizer Adeus às Coisas, da autoria de Nuno Leão, e do texto de Diogo Martins Uma teoria da imagem (ou a performance do mundo) incluído na referida publicação.
Este projeto de Nuno Leão, produzido pela Terceira Pessoa, teve início em 2015 e tem sido desenvolvido até ao presente, principalmente em zonas rurais de Portugal Continental. As fotografias foram realizadas, na maior parte, em lugares que estão a ficar despovoados.
Segundo o autor, “o que vemos em muitas fotografias é aquilo que, depois das pessoas saírem, fica nesses lugares (objetos, casas, campos, restos, a vegetação a apoderar-se das construções...). Esta ideia “do que fica” é ensaiada depois com outras variações: uma casa desabitada, pequenas instalações acidentais que resultam de tarefas quotidianas, um corpo fantasma no limiar do (des)apa-recimento que se vai afastando num ambiente hipersaturado de luz. O trabalho move-se assim entre ausências e presenças, propondo aos espectadores uma habitação da memória como lugar profundamente pessoal, íntimo e subjetivo”.