Lopes Marcelo
CANCIONEIRO LOCAL VI
Cantigas de Baile. Expressão colectiva do divertimento espontâneo em bailes populares, sobretudo de roda, nos largos e ruas da aldeia aos Domingos e dias festivos. Também nas casas mais amplas, se realizavam bailes ao ritmo das concertinas. Nesse tempo, o acordeonista era uma figura de nomeada e importante, quer pela mestria na concertina, quer pela função de animador a “mandar” o baile. Era o ambiente e a moldura dos rituais de enamoramento. Em dias especiais, no salão da Casa do Povo ou da Junta de Freguesia, comparecia toda a juventude da aldeia e das terras vizinhas, as raparigas de um lado vigiadas pelas mães ou irmãs mais velhas e, do outro lado, os rapazes nervosos mas decididos para irem “tirar” a sua moça preferida.
Você tem um bigode
Você tem um bigode
Que até mete aflição.
É mesmo como a noite
Quando nasce a escuridão.
Com certeza o barbeiro
Já não fala com você.
Você não faz a barba
Qualquer dia já não se vê.
Um bigodinho tão engraçado
Tâo bem feitinho, mas com cuidado.
Anda na roda por brincadeira
Usar bigode não é nenhuma asneira.
A minha boneca é linda
A minha boneca é linda
Tão linda como os amores.
Tem nome de Benvinda
É mais fina que os doutores.
As raparigas
Que moram na tua rua
Têm inveja de não ter
Uma saia igual à tua.
A tua saia
Toda branca riscadinha
É um alvo para os rapazes
Quado passas à noitinha.
As raparigas
Todas querem ir comprar
Uma saia igual à tua
Para na feira estrear.
Achita da tua saia
Não se compra agora aqui.
Foi comprada na cidade
De propósito para ti.
