João Belém
A FLORESTA E O AMBIENTE
“As vezes ouço passar o vento; e só de ouvir o vento passar, vale a pena ter nascido.”
Fernando Pessoa
A floresta é uma parte muito importante do nosso ecossistema, constituindo um elemento fundamental para o seu equilíbrio. É formada por árvores, arbustos, ervas e um grande número de outros seres vivos. Ocupa a segunda maior parte da superfície da terra fora de água. Encontra-se, no entanto, distribuída de forma irregular, devido à diversidade climática e às características dos terrenos.
As florestas são essenciais ao equilíbrio dos ecossistemas e à vida humana: promovem a manutenção da biodiversidade, libertam oxigénio, armazenam o dióxido de carbono (principal gás com efeito de estufa), moderam as temperaturas, facilitam a infiltração da água no solo (e consequente reabastecimento dos lençóis subterrâneos ou aquíferos), fixam o solo e impedem a erosão. Estes serviços prestados pelo ecossistema constituem uma externalidade positiva da floresta que deve ser valorizada, para que se possa evitar a sua destruição.
As florestas cobrem cerca de 31% da área terrestre, armazenam mais de um trilhão de toneladas de carbono e fornecem meios de subsistência para mais de 1,6 milhões de pessoas, segundo o Conselho Económico e Social da Organização das Nações Unidas (ONU), o ECOSOC. Ainda segundo a ONU, servem de abrigo para aproximadamente 750 milhões de pessoas.
A floresta portuguesa ocupa 3.3 milhões de hectares, o que corresponde 38% do território nacional. Segue-se 33% com ocupação agrícola e 23% com áreas de incultos. O potencial de crescimento da área arborizada é de cerca do dobro caso sejam aproveitadas as áreas de incultos e improdutivos.
A floresta portuguesa é característica de um clima mediterrânico e, em tempos atrás, era constituída em larga escala por espécies como o carvalho-alvarinho, o castanheiro, a azinheira, o sobreiro, o medronheiro e a oliveira. Dessas áreas restam manchas florestais e das espécies apenas pequenas zonas ou núcleos. Da zona vegetal primitiva portuguesa resta a mata do Solitário, na Serra da Arrábida
A nível ambiental, o declínio florestal em Portugal diminui a biodiversidade, pondo algumas espécies em perigo e levando a que outras desapareçam por completo do nosso país. As áreas que sofreram desflorestação rapidamente se tornam secas, dando lugar a vegetação de baixo porte ou à propagação de espécies de crescimento rápido.
Por fim, a emissão de dióxido de carbono será maior, e também menor será o dióxido de carbono fixado pelas plantas e no solo, já que não existirão plantas para fazer a remoção do dióxido de carbono da atmosfera para a floresta.
A destruição da floresta leva ao desaparecimento da fauna e da flora dessa região, a uma elevada erosão do solo desprotegido, a uma modificação das bacias hidrográficas, muitas vezes com grandes prejuízos materiais e mesmo de vidas humanas.
Assim, segundo Helder Muteia, “ os novos paradigmas devem de igual modo, promover o plantio de árvores, a exploração sustentável dos recursos florestais, a adoção de práticas de urbanização e construção de infraestruturas mais sustentáveis, educação cívica para a adoção de uma consciência sobre os perigos da destruição das florestas, pesquisa e investigação para compreender a dinâmica das mudanças climáticas e as estratégias de mitigação e adaptação às mesmas.
Isso requer não apenas uma consciência de dever cívico em todos os cidadãos, mas também um regime institucional mais adequado aos desafios, estimulando as boas práticas e reprimindo as más, e ainda uma vontade política a nível dos governantes de todo o mundo, para que cada país saiba encontrar o seu rumo e, através da cooperação e colaboração internacionais, as reservas florestais e bacias hidrográficas transfronteiriças conheçam melhores dias.”