Edição nº 1625 - 12 de fevereiro de 2020

COM EMBRIÕES CONGELADOS VINDOS DOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA
Agrária é o berço dos primeiros vitelos Red Wagyu nascidos em Portugal

A Escola Superior Agrária (ESA) de Castelo Branco foi o berço dos primeiros vitelos de raça Red Wagyu, também conhecida como Akaushi, nascidos em Portugal.
Este passo pioneiro no País só foi possível através da vinda, dos Estados Unidos da América (EUA), de embriões congelados, que foram entregues pela empresa Wagyuworld, representada por Hugo Patrício, à equipa de reprodução animal da Agrária, constituída pelo diretor desta unidade orgânica do Instituto Politécnico de Castelo Branco (IPCB), João Pedro Várzea Rodrigues, por Manuel Martins, Joaquim Carvalho e Sandra Duarte.
A isto houve também a juntar em protocolo de cooperação entre a Agrária, a Associação Portuguesa de Criadores de Bovinos Raça Wagyu e a Naturfields.
Segundo é adiantado, para a implantação dos embriões, nas vacas recetoras, que pertencem ao efetivo bovino da Escola, a equipa de reprodução da ESA contou com o apoio e a colaboração de Moreira da Silva, da Universidade dos Açores, e de Gerry Estrela, da Unicol, da Ilha Terceira, Açores.
No seguimento da implantação dos embriões, passados 40 dias, realizou-se um diagnóstico de gestação, por ecografia, no qual foram confirmadas quatro gestações, que foram confirmadas aos 60 dias, havendo a destacar que estes procedimentos decorreram na presença de alunos de Agronomia e de Enfermagem Veterinária.
O parto dos vitelos de raça Red Wagyu, ocorreu aos 293 dias de gestação.
De destacar que todo este processo tem como finalidade a introdução desta raça, em Portugal.
O diretor da Agrária, João Pedro Várzea Rodrigues, adianta à Gazeta do Interior que os dois primeiros vitelos de raça Red Wagyu nasceram na passada quinta-feira, 6 de fevereiro, aguardando-se agora o nascimento do terceiro, enquanto a quarta confirmação de gestação acabou por não vingar, terminando num aborto.
João Pedro Várzea Rodrigues explica que a a raça Red Wagyu “é oriunda do Japão e este é um esforço para a introduzir em Portugal”.
Revela que este não é o primeiro passo dado para Agrária com esta raça, uma vez que, anteriormente, já se procedera à importação de sémen e à consequente inseminação artificial em animais do efetivo bovino da Escola, mais concretamente em animais de uma raça de leite, a Holstein-Frisia, da qual resultaram animais cruzados.
Agora, com a implantação de embriões, também em animais da raça Holstein-Frisia, foi dado um passo ainda mais importante, uma vez que, explica João Pedro Várzea Rodrigues, este processo é muito mais complexo e delicado, mas traz vantagens, pois os animais nascidos são de raça pura Red Wagyu e não animais cruzados.
O diretor da Agrária realça que “podíamos trazer os animais do Japão”, para sublinhar que, no entanto, este processo apresenta várias vantagens, logo a começar por “não se ter de proceder ao transporte dos animais vivos, sendo que nessas viagens eles sofrem. Ou seja, com este sistema não há questões de bem-estar animal em causa”.
Outra vantagem relaciona-se com “questões sanitárias, porque, como não vêm animais vivos, também não vêm doenças”.
No processo que agora está a ter resultados com o nascimento dos vitelos, a Agrária recebeu oito embriões congelados, dos quais resultaram quatro gestações, embora uma não tenha vingado, pelo que “a taxa de fertilidade foi de 50 por cento”, o que é considerado muito bom, devido à complexidade do processo.
João Pedro Várzea Rodrigues reitera que o objetivo de tudo isto é introduzir a raça Red Wagyu no País, sendo que esta é uma raça de produção de carne que se distingue “por a carne ter muito marmoreado, com muitas inclusões de gordura dentro do músculo, o que faz com que tenha um valor comercial muito elevado. No Japão e na América o quilo desta carne desta carne custa 20 ou mais euros, pelo que inclusive é vendida em porções de 100 gramas”.
Para além da vertente comercial, João Pedro Várzea Rodrigues realça que este passo também é “importante para o o sistema de ensino, para os alunos, porque há uma aproximação da investigação à área produtiva. Este passo é importante para os docentes e para os alunos, mesmo em termos de formação, uma vez que leva ao conhecimento de técnicas de ponta. Permite constatar que as técnicas não são só teoria. Têm aplicação no campo”.
Por tudo isto João Pedro Várzea Rodrigues afirma que o objetivo é continuar com este processo, revelando, no entanto, que isso “depende da Associação Portuguesa de Criadores de Bovinos Raça Wagyu, porque foi ela que comprou os embriões congelados, que são bastante caros. A Escola não tem capacidade para isso”.
A esperança é que esta parceria se mantenha, pois a finalidade da Agrária “é continuar a aumentar o número de efetivos de raça Red Wagyu, de modo a permitir aumentar a população continuando o processo através da inseminação artificial”.
António Tavares

12/02/2020
 

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