Edição nº 1636 - 29 de abril de 2020

João Carlos Antunes
Apontamentos da Semana...

COMEÇOU POR UM TIRO DE PÓLVORA SECA para terminar entre uma flober, vulgo espingarda de pressão de ar ou uma bazuca ou tão somente uma fisga, na perspetiva de Marisa Matias. Uma linguagem bélica para enfrentar a guerra sanitária que vai fazer destruir as economias, principalmente as mais frágeis, por razões que não cabem agora aqui, as dos países do Sul. O falso e inconsequente tiro de partida aconteceu em 26 de março, com o anúncio do Conselho Europeu sobre as condições de mobilização de uma linha do instrumento de estabilidade europeia, para financiar os Estados no combate à crise do coronavírus, no montante de 240 mil milhões de euros, do qual cada Estado poderia levantar até ao limite de 2% do seu Produto Interno Bruto. Na altura havia quatro membros do clube do euro que estavam renitentes e ir mais além no programa de apoio, um programa que a apresentar-se desta forma era um passo importante para o fim do sonho de uma Europa unida e solidária. Um fim que a todos iria sair muito caro, a começar pela Holanda e pela Alemanha. Foi o momento de António Costa falar grosso, mesmo contra a opinião de comentadores que temiam que o governo holandês se aborrecesse, que estas coisas só se dizem nos herméticos gabinetes de Bruxelas. Um facto é que o debate continuou e esta passada quinta, 23 de abril, já se deu um passo importante na discussão e reflexão séria sobre como fazer o espaço europeu recuperar o mais rápido possível, fazer juntar destroços para voltar a um ritmo de crescimento e emprego que a todos interessa. Os líderes de governo dos 27 países da UE discutiram a criação de um Fundo de Recuperação para relançar a economia europeia após estar contida a pandemia, num plano que junta subvenções e empréstimos num valor de até 2 biliões de euros para investimento e despesa. Ainda há muitas dúvidas sobre o alcance destas medidas, por isso se é uma flober ou uma bazuca, breve se verá…

PERDOEM-ME POR VOLTAR A REFERIR NESTE ESPAÇO as figuras quase residentes de Bolsonaro e Trump. Mas esta semana excederam-se e por isso não resisto a deixar aqui, mesmo que em poucas palavras, a minha incredulidade pelos seus comportamentos que envergonham com certeza qualquer pessoa culta e de espírito democrático dos seus países. Trump a sugerir a ingestão ou injeção de detergentes para limpar o corpo de vírus e que já levou para o hospital várias dezenas de americanos seus fiéis seguidores. Bolsonaro a desfazer-se do seu ministro da Saúde que não concordava que o COVID-19 fosse uma simples gripezinha, que se tinha de enfrentar de peito aberto sem medo e a afastar o superministro da Justiça Moro, para poder nomear quem ele quisesse que encobrisse as golpadas e jogos sujos do seu clã familiar. Mais que opereta, um filme de terror, para quem o vive.

29/04/2020
 

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