Edição nº 1648 - 22 de julho de 2020

João Carlos Antunes
Apontamentos da Semana...

NO MOMENTO EM QUE ESCREVO ESTAS LINHAS e pelo quarto dia consecutivo, estão reunidos os chefes de governo dos vinte e sete países que compõem a União Europeia. Já se adivinhava que não haveria de ser fácil reunir o obrigatório consenso sobre as medidas a adotar para fazer frente ‘calamidade que arrasou a economia europeia, como a do resto do mundo.  O Fundo de Recuperação que partia para as negociações com um valor de quinhentos mil milhões de euros, na proposta ambiciosa de Merkel e Macron, a ser distribuído pelos países comunitários sob a forma de subvenções a fundo perdido, teve desde logo a oposição daquele grupo dos cinco países do norte que se convencionou chamar de países frugais, encabeçados pela Holanda e que inclui também a Dinamarca, Áustria, Finlândia e Suécia. Segundo parece houve momentos muito tensos entre alguns dos lideres presentes, com acusações mútuas, ameaças de abandono e inflexibilidade. Corria-se o risco de se chegar ao fim do Conselho Europeu num impasse, péssimo sinal para os mercados já que dava uma (verdadeira) imagem de desunião sobre esta tão sensível questão que mexe com as finanças de cada um dos países, um desastre para a economia europeia e para os seus habitantes, porque é muito urgente, é inadiável, a tomada de decisões que alimentem a esperança de uma saída robusta e sustentada da crise sanitária e relançamento da economia. Mas estes países ditos frugais, melhor seria chamá-los de avarentos, não solidários e hipócritas, não  desarmaram, ainda que como demonstrou a comissária portuguesa Elisa Ferreira sejam dos que mais beneficiam do mercado comum e por isso devendo ser dos mais interessados no relançamento económico nomeadamente na Europa do sul. Mas parecendo estar mais interessados no seu próprio eleitorado do que na Europa como um todo, foram mesmo acusados de serem egoístas e de chantagearem. De qualquer forma esta nova geração de lideres políticos, bastante jovens, fizeram mesmo valer os seus pontos de vista e interesses. Os restantes países e a Comissão Europeia acabaram por ter de baixar as verbas em causa,  para o valor de trezentos e noventa milhões, com Portugal a receber um pouco mais de quinze mil milhões de subsídios num total de quarenta e cinco mil milhões, e aceitar a exigência de uma norma travão que qualquer país pode acionar se considerar que as verbas distribuídas estão a ser mal utilizadas por qualquer um dos Estados-membro. À hora em que revejo estas linhas sabemos já que ao quinto dia saiu fumo branco do Conselho Europeu. Conseguiu-se um acordo que todos consideram ter sido histórico e inédito na Europa. Que seja aplicado rapidamente e que dê os resultados esperados, é aquilo que todos nós temos de desejar.

22/07/2020
 

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