João Carlos Antunes
Apontamentos da Semana...
QUANDO APARENTEMENTE OS NÚMEROS DE INFETADOS pelo Covid-19 parecem estar a diminuir de forma sustentada dando algum alívio nas restrições das áreas mais afetadas, nomeadamente a Grande Lisboa, quando finalmente se pode anunciar na estatística fria da pandemia, zero mortos pelo Covid, há já muito boa gente que adivinha para o outono novo ataque que poderá ter até proporções alarmantes, se juntarmos também a gripe sazonal e outros males, produtos da época. E uma razão, senão a maior, para este pessimismo reside na abertura das escolas, no recomeço da escola presencial, mesmo que com limitações como a utilização obrigatória de máscara para todos, a distância social de metro e meio e as restrições ao convívio. Para um ano letivo que se propõe mais extenso, vai ser complicado em muitos casos adequar as condições físicas da escola à necessidade máxima de segurança. Estão prometidos mais apoios educativos e mais aulas coadjuvadas, as escolas terão mais professores, profissionais que este próximo ano, como no que terminou, irão certamente demonstrar abnegação e capacidade de adaptação a esta nova realidade, que para muitos seria insuspeitada. Profissionais que estão na linha da frente e que por isso o sindicalista Mário Nogueira questiona se estarão reunidas todas as condições para que eles possam exercer as suas funções na máxima segurança, responsabilizando desde já o Ministério por alguma coisa que corra mal. Claro que no meio de uma pandemia, muita coisa pode correr mal e os responsáveis têm de estar preparados para todas as eventualidades. E é o que acontece agora. Esperemos, para bem da escola e das aprendizagens, que não seja necessário passar ao plano B, em regime misto de aulas presenciais e à distância ou mesmo, em última instância e deseja-se que tal não seja necessário, em regime de ensino à distância, como o que aconteceu no período mais agudo da pandemia. Ainda esta terça-feira era noticiado o apelo de António Guterres, em nome da Nações Unidas, para que em todos os países se dê prioridade à reabertura das escolas sempre que não haja riscos excessivos de contágio, alertando que o encerramento prolongado das escolas pode provocar uma catástrofe geracional, com o encerramento das escolas a ter um efeito negativo e duradouro em centenas de milhões de jovens. Que ninguém duvide disso.