Edição nº 1658 - 30 de setembro de 2020

EXPOSIÇÃO BIBLIOGRÁFICA E ICONOGRÁFICA SOBRE O CÂNTICO DOS CÂNTICOS NA BIBLIOTECA NACIONAL DE PORTUGAL
Beija-me com os beijos da tua boca

A Biblioteca Nacional de Portugal, no Campo Grande, em Lisboa, acolhe a partir desta quinta-feira, 1 de outubro, a exposição Beija-me com os beijos da tua boca, exposição bibliográfica e iconográfica sobre o Cântico dos Cânticos, a partir da coleção de Gonçalo Salvado. Recorde-se que o Cântico dos Cânticos é o poema bíblico celebrado como o mais belo poema de amor da humanidade e que tem vindo a marcar indelevelmente a cultura portuguesa. A mostra, a primeira realizada em Portugal sobre o tema, é constituída por mais de uma centena de obras pertencentes à vasta coleção privada do poeta Gonçalo Salvado sobre o Cântico dos Cânticos, grande influência da poesia deste autor. Nesta coleção privilegiam-se as obras em língua portuguesa editadas em Portugal e no Brasil, algumas de grande raridade e inacessibilidade.
A mostra, que abre esta quinta-feira, 1 de outubro, das 16 às 18 horas, estará patente até 30 de novembro numa das principais salas da Biblioteca Nacional de Portugal, conhecida como Sala Museu, espaço que permitirá reconstituir a atmosfera, e recriar o imaginário, do célebre poema bíblico do amor, e onde, a par da exposição bibliográfica, haverá uma vertente iconográfica reunindo imagens emblemáticas que lhe foram dedicadas em Portugal, na pintura, no desenho e na escultura, algumas pela primeira vez em exposição.
Está também previsto um ciclo de conferências sobre o Cântico dos Cânticos agendado para 2021, com o título Grava-me como um selo em teu coração – O Cântico dos Cânticos, Paradigma Universal da Cultura Portuguesa.
De salientar a presença na mostra, em estreia mundial, da primeira tradução conhecida para a língua portuguesa do Cântico dos Cânticos, datada de 1606, da autoria de um jesuíta português, o padre Manuel Correia SJ, assim como de uma pintura quase desconhecida, e datada dos finais do Século XVII, de Bento Coelho da Silveira (1617-1708), o único artista a ilustrar passos do Cântico dos Cânticos na Europa do seu tempo. Trata-se de um óleo sobre madeira que ilustra o versículo 7, 11, do Cântico dos Cânticos: “Botrus cipri, dilectus meus mini in vineis Engadi” (“O meu amado é para mim como um cacho de alfena das vinhas de Engadi” (Cant. 1,14).
Na pintura há ainda que realçar o óleo Sulamita, de Lima de Freitas (1927-1998), nunca antes exposto.
Na escultura, salienta-se, pela primeira vez em exposição, a peça premiada no Salon de Paris (1884), Sulamita, um bronze da autoria da terceira duquesa de Palmela, Maria Luísa de Sousa Holstein (1841-1909).
Na área da música o destaque vai para a pauta original que o compositor Fernando Lopes Graça (1906-1994) dedicou ao Cântico dos Cânticos, igualmente em estreia numa exposição.
De destacar, ainda, a monumental edição do comentário ao Cântico dos Cânticos de Frei Luís de Sotomaior (1526-1610), data-da de 1599, considerada um dos grandes momentos da edição em Portugal.
De salientar, igualmente, que no dia da inauguração, e apenas nessa ocasião, estará em exposição a chamada Bíblia de Cervera, texto bíblico manuscrito e iluminado, em pergaminho, do Século XIII-XIV, que pertence ao acervo da Biblioteca Nacional, destacando-se pela sua antiguidade e excelência, como a mais importante obra do género existente em Portugal, e uma das obras mais valiosas do Mundo. Considerada uma obra-prima da arte medieval, está entre as mais antigas e importantes bíblias sefarditas (termo usado para referir os descendentes de jud-eus originários de Portugal e Espanha). Muito raramente exposta (foi peça central durante a ex-posição Medieval Jewish Art in Context no Museu Metropolitan de Nova Iorque, em 2012), a sua presença nesta exposição confirma o valor histórico e o alto significado e importância da mostra.
A exposição bibliográfica e iconográfica Beija-me Com Os Beijos Da Tua Boca O Cântico dos Cânticos, que teve a primeira apresentação em 2017, na Biblioteca Municipal de Castelo Branco, terá, este ano, uma visibilidade maior na Biblioteca Nacional de Portugal, evidenciando a extraordinária presença em Portugal deste intemporal hino ao amor, documentada nessa mostra desde o Século XV até à atualidade, quer no plano das versões e traduções, quer na poesia, no teatro e no ensaio.

30/09/2020
 

Em Agenda

 
29/05 a 12/10
Castanheira Retrospetiva Centro de Cultura Contemporânea de Castelo Branco

Gala Troféu Gazeta Atletismo 2023

Castelo Branco nos Açores

Video